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Sheila Sampaio

Por que ainda vemos valor na punição?

Um conceito da disciplina positiva aplicado ao contexto organizacional e às nossas relações

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O que me fez refletir sobre este tema foi uma frase de Jane Nelsen – especialista em disciplina positiva, que fala sobre o foco nos pontos assertivos do comportamento infantil, auxiliando pais e educadores.

A frase é a seguinte:

“De onde tiramos a absurda ideia de que, para que as crianças se comportem melhor, primeiro devemos fazê-las se sentir pior?”

Não sou uma especialista em comportamento infantil, mas fui criança e fui criada sob esses preceitos de punição, então sinto que posso falar sobre isso. E, mais do que falar, sinto que muitas vezes repliquei este modelo, e não apenas com meu filho, mas com as pessoas do meu time: usando a punição como ferramenta para melhores resultados.

Se projetarmos essa mesma frase para nossos ambientes corporativos (peço licença à Jane), ela poderia ficar assim:

“De onde tiramos a absurda ideia de que, para que os colaboradores se comportem melhor, primeiro devemos fazê-los se sentir pior?”

E aqui me refiro a todos os momentos em que falta empatia, inteligência emocional, autoconfiança, segurança e todo um rol de habilidades para lidar com situações difíceis, e quando a hierarquia e o poder se sobressaem, rolando aquele feedback atravessado, aquele puxão de orelha em público e aquela exposição do erro totalmente desnecessária.

“Você errou. Errar é ruim. E, para que você nunca mais erre, precisa se sentir mal pelo seu erro. Agora guarde todos esses sentimentos ruins que eu fiz questão que você sentisse e venha acertar, ser inovador e contribuir com os resultados da empresa.”

Hoje eu, depois de um longo percurso de estudos, pesquisas e prática, conscientizei a falta de coerência que existe em gerar sentimentos negativos esperando resultados positivos.

Talvez já tenhamos evoluído para o ponto de percebermos que punir crianças não seja a melhor estratégia. E é chegada a hora de percebermos que punir adultos provavelmente também não seja.

por Sheila Sampaio

Sheila Sampaio é mestre em Gestão e Negócios e coach encantada pelas relações humanas. É consultora de empresas e escreve no Bella Mais sobre carreira e liderança. Também é sócia da AZM Câmbio .


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