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Sheila Sampaio

No que divergimos? No que discordamos?

A resposta para ambas as perguntas provavelmente seria: em muitas coisas! E é isso mesmo.

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A convivência humana sempre foi um desafio gerador de conflitos, divergências e discordâncias.

O meu convite é para que possamos analisar essas divergências e discordâncias na sua base, no que elas representam em essência – quando falamos de seres humanos funcionais e éticos, é claro.

Pois bem, aqui vamos nós: necessidades. Eu, você, o Papa e um bebê de 2 anos temos as mesmas necessidades. As necessidades humanas são universais. Algumas mais essenciais como saúde, abrigo, sono, alimento, segurança, liberdade; e outras tantas mais complexas como expressão, significado, compreensão, celebração, clareza, contribuição, sentido, inspiração, realização, evolução, esperança, aprendizado, desafio, valorização, apoio, paz, ordem, humor... e a lista é longa.

E todas essas necessidades são legítimas. Dificilmente alguém irá discutir com outra pessoa que expresse genuinamente uma necessidade como segurança, certo?

Agora vamos a um exemplo:

Que necessidade pode estar buscando satisfazer uma pessoa que seja a favor do porte de armas? 

Sem julgamento, arrisco dizer que esteja buscando satisfazer sua necessidade de segurança (talvez acredite que os sistemas oficiais não sejam capazes de prover a segurança que ele(a) julgue necessária).

Que necessidade pode estar buscando satisfazer uma pessoa que seja contra o porte de armas? 

Novamente, sem julgamentos, talvez essa pessoa também esteja buscando satisfazer sua necessidade de segurança (pode acreditar que mais armas disponíveis irá gerar menos segurança).

Nesta situação temos duas pessoas querendo satisfazer a mesma necessidade: segurança.

Então eu retomo as perguntas iniciais: No que divergimos? No que discordamos?

Discordamos e divergimos não a respeito das necessidades, mas sobre as estratégias que utilizamos para satisfazê-las.

Tanto quem é a favor quanto quem é contra o porte de armas pode estar buscando por mais segurança, porém, adotando estratégias diversas.

O mesmo acontece nas empresas. Você pode já ter entrado em uma discussão com um colega de trabalho onde ambos estavam buscando satisfazer a necessidade de melhorar os resultados para a empresa, porém, adotando estratégias diferentes.

Pense em uma discussão entre o gestor de vendas e o gestor de produção. O de vendas quer ampliar o estoque de produtos para reduzir o prazo de entrega aos clientes, enquanto o de produção quer ter um estoque mínimo para reduzir o custo de capital de giro. Os dois estão pensando no melhor resultado para a empresa, do seu ponto de vista, adotando as estratégias que conhecem.

Não são nas necessidades que divergimos, são nas estratégias.

Sabendo disso, na próxima vez que você discordar de alguém, tente ir além da opinião e busque entender que necessidades essa pessoa pode estar querendo satisfazer. Esse pode ser um caminho para empatizar com o outro e para, quem sabe, encontrar acordo, consenso e colaboração.

“A discordância é um sinal de que existem verdades mais amplas e perspectivas mais belas.” Alfred North Whitehead

por Sheila Sampaio

Sheila Sampaio é mestre em Gestão e Negócios e coach encantada pelas relações humanas. É consultora de empresas e escreve no Bella Mais sobre carreira e liderança. Também é sócia da AZM Câmbio .


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