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Arieli Groff

Sua família está languishing?

Entenda o que é e como ajudar seus filhos no caminho da saúde emocional

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Nesse último um ano e meio, em um cenário de pandemia e isolamento social, uma vivência vem se tornando cada vez mais frequente, especialmente entre adolescentes e crianças, afetando famílias como um todo. 

A definição languishing vem sendo utilizada para definir um estado de tédio social, desânimo, vazio, falta de motivação, uma preguiça ampla, muitas vezes expressado na fala por um “tanto faz” diante de escolhas e possibilidades, provocando uma sensação de anestesiamento no dia a dia. 

Quem nos trás uma exposição desse assunto tão atual e necessário para o cuidado da saúde mental das famílias, é a Psicóloga Carolina Lisboa, na palestra de abertura da edição deste ano da Escola de Pais. 

Um dos maiores preditores da nossa felicidade, é a qualidade das nossas relações íntimas, como mostra Ben Shahar em seu livro “Happier”, e nisso os pais têm um papel fundamental, pois é através das primeiras relações vividas e nos vínculos construídos que aprendemos a nos relacionar com as demais pessoas ao longo da nossa vida. A qualidade dos cuidados recebidos pela principal figura de apego, na maioria das vezes papel esse desempenhado pela mãe, irá influenciar o estilo de apego que será construído, podendo ser seguro ou inseguro. 

O apego seguro pressupõe uma percepção de confiança no ambiente e constrói a segurança em si mesmo. Já um estilo de apego inseguro, corrobora para um entendimento de que os outros nem sempre são confiáveis, ativando o sistema de ameaças e com isso potencializando sensações de desconfiança e insegurança em si e no mundo. É importante entendermos que um estilo de apego não deve ser visto como uma sentença a ser carregada por toda a vida, sendo as relações as principais agentes de transformação e oportunidade de mudanças, podendo exercer um papel de base segura a qualquer tempo e idade. 

A pandemia de forma geral, potencializou as incertezas, incrementou inseguranças em menor ou maior grau, nos fez perder redes até então protetivas, como por exemplo, o ambiente escolar, que tantas vezes é fonte de segurança para crianças e adolescentes, podendo até mesmo neutralizar ambientes familiares disfuncionais. Dessa forma, nossos sistemas de ameaças foram amplamente ativados, aumentando a irritabilidade e ansiedade, causando uma baixa tolerância à frustrações e com isso, provocando mudanças nas dinâmicas familiares. 

O que fazer diante desse cenário?

Carolina Lisboa nos trás como um caminho possível o desenvolvimento da autocompaixão. A pandemia nos impôs a diminuição do convívio, acarretando um déficit de habilidades sociais, entre elas a empatia, seja com os outros seja com nós mesmos. E se o quadro se mostra difícil para os adultos, desponta com ainda mais dificuldade para adolescentes e crianças, que muitas vezes ainda não conseguem ter maturidade e clareza para expressar suas emoções, sendo essa, no entanto, uma prática necessária para atravessar a vivência do languishing. 

Como mães e pais, precisamos fazer uma leitura das emoções para nossos filhos, nomear aquilo que por vezes eles ainda não conseguem pôr em palavras, conversar sobre os sentimentos e emoções, compartilhar nosso estado mental e emocional mostrando que não estão sozinhos, acolher emoções ditas “negativas” como tristeza e raiva, ter pequenos focos em nossa rotina, oferecer organizações livres de rigidez e ter clareza de que “vai passar”. 

Após atravessarmos esse período de pandemia, não somos os mesmos, nossos filhos também não. Não devemos nos cobrar de estarmos sempre bem, essa cobrança é utópica e cruel. O caminho prevê cuidados com nosso bem-estar social, psicológico e emocional, assim como de nossos filhos. 

Carolina Lisboa finaliza sua palestra com uma mensagem importante: precisamos humanizar a nós e por consequência nossas relações, e nada mais humano do que sentirmos de tudo um pouco.

A Escola de Pais segue com seu ciclo de palestras, tendo como tema do próximo encontro “Acalmando a mente: teoria e prática para o bem-estar de pais e filhos” com a médica Mariela Silveira, no dia 30 de Setembro. Informações e inscrições em https://linktree.com.br/new/escoladepais

por Arieli Groff

Arieli Groff é mãe da Maitê e psicóloga, especializada em Luto Adulto e Infantil e Teoria do Apego. Idealizadora do Instituto Pirilampos voltado para maternidade e infância. autora e organizadora dos livros “Quando uma mãe nasce”, “Que medo é esse?” e “Toda mãe tem histórias para contar”.


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