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Arieli Groff

Seja uma mãe consciente, mas não se cobre tanto

A maternidade vem acompanhada de verdadeiras revoluções para a mulher que precisa aprender a lidar com elas

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Se tornar mãe é atravessar um portal de experiências nunca antes vividas, de encontros com partes de si mesma até então desconhecidas. É se deparar com sombras da criança que se foi um dia, da infância experimentada com seus sabores doces e amargos, que teimam em se fazer presentes, agora mais do que nunca.

A aparição de tantas coisas negadas ao longo da vida, as quais se fez um imenso esforço para que seguissem escondidas, é inevitável com a chegada da maternidade. A forma como serão acolhidas e vivenciadas, e se serão, é uma escolha. A chegada de um filho faz com que nós mulheres nos olhemos de um jeito diferente, por vezes não reconhecido, por vezes fragmentado, algumas com admiração e orgulho, mas sempre, com o ineditismo de viver aquilo que ninguém nunca antes ousou nos contar como de fato seria.

A tomada de consciência, a qualquer tempo na vida, é trabalhosa, doída e desconfortante. Ao nos tornarmos mães, soma-se a isso os hormônios, que por si só já causam uma explosão interna suficiente para desconhecermos a mulher que até então nos dedicamos a construir.

A maternidade é um período único

Vivemos um tempo único onde pela primeira vez na história, a infância está senso vista e entendida com suas necessidades tão particulares, seus processos de desenvolvimento único. Onde vivemos uma revolução transgeracional, com a possibilidade de questionamento dos padrões de educação até então praticados e com isso, a interrupção de ciclos de violência às crianças, seja de ordem física, emocional e psicológica. Esse mérito é seu, é meu, é de todas nós mães que temos a coragem de nos desconstruirmos dia a dia para reconstruirmos novas oportunidades de praticarmos o maternar.

Estudar para ser mãe, investir em autoconhecimento, expandir a consciência e colocar luz no inconsciente, exige coragem, desprendimento, trabalho árduo, dedicação e escolha diária. Exige, em muitos momentos, romper com culturas familiares e sociais, questionar crenças até então estabelecidas e defendidas há gerações. Decidir educar nossos filhos de forma respeitosa significa, muitas vezes, enfrentar um mundo de opiniões e olhares contrários, críticos e julgadores. Escolher criar com apego e afeto é promover uma revolução interna e externa, individual e coletiva. E revoluções podem nos levar ao cansaço, esgotamento e necessidades de paradas.

O famoso psiquiatra e psicoterapeuta Carl Gustav Jung já dizia “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” Deixo aqui nesse texto uma singela tentativa de que sejamos mães em busca de uma criação e maternar mais conscientes, que nos esforcemos para entender o universo infantil, dediquemos tempo de estudo e autoconhecimento, mas que não nos cobremos demais por isso e tampouco nos debrucemos sobre isso além da medida, porque no fim das contas e no desenrolar dos dias, o que nos conecta aos nossos filhos é nossa imensa e incansável capacidade de amar!


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