Fique por dentro dos desfiles da Semana de Alta Costura de Paris

Da exaltação ao feminismo, homenagens, upcycling, luxo com menos, despedida de Jean Paul Gaultier e a exuberância clássica de uma Alta Costura, não faltou pontos marcantes na Semana de Moda da Alta Costura de Paris. Engana-se quem pensa que a Alta Costura ainda está baseada apenas no luxo e na extravagância dos vestidos exuberantes e carregados de bordados. Não que eles não existam mais, afinal é a Semana de Moda da Alta Costura de Paris! Mas a edição que encerrou ontem, 23 de janeiro, nos mostrou que o mercado de moda está realmente em evolução e renovação constante. Vamos conferir os principais destaques:

“E se as mulheres governassem o mundo?”

Impossível não abrir os destaques com este questionamento que foi o tema central do desfile de Alta Costura da Dior, seguido de outras reflexões como “Haveria violência?”, "Homens e mulheres seriam gentis?" e “Deus seria feminino?”, que fizeram parte da cenografia criada pela artista americana Judy Chicago.

Fato é que a cada novo desfile, Maria Grazia Chiuri, primeira mulher na direção criativa da marca, exalta ainda mais a força e o empoderamento feminino. Nas passarelas da Alta Costura uma coleção inspirada nas heroínas e deusas femininas da Antiguidade. Vestidos em seda com drapeados, franjas douradas, rendas bordadas e muitas amarrações com cordões trançados foram trabalhados em toda a coleção mesclando looks de alfaiataria que deram o toque de modernidade para estas heroínas.

Channel apostou no preto e branco

A inspiração de Virginie Viard diretora criativa da Chanel, veio das raízes de Coco Chanel em Aubazine, onde o designer passou alguns anos no orfanato da região. Predominantemente em P&B a coleção desfilada no The Grand Palais, seguiu uma proposta sofisticada, porém mais casual, fugindo um pouco da proposta clássica da alta costura. Ternos de tweed estilizados, vestidos em diferentes comprimentos, rendas, bordados, volumes pontuais e comprimentos na altura do joelho ganharam destaque em composições com sapatos pretos e meias.

Com direção criativa de Giorgio Armani, o desfile de Armani Privé no Pavillion Vendôme, trouxe para o universo da alta costura a beleza do Ikat, a técnica de tingimento que se originou na Malásia e no Extremo Oriente, mas que se espalhou por todo o mundo sendo utilizada para padrões têxteis. Explorando formas irreverentes e criativas da padronagem a coleção veio repleta de looks de alfaiataria e vestidos com muito bordado. Já a coleção de Viktor & Rolf trouxe como tema "Fazer mais com menos”, tendo como ponto de partida para a criação estas restrições, utilizaram a técnica de patchwork para transformar pequenas amostras de fornecedores em alta costura. Nos pés sandálias de plástico reciclável da nossa querida marca brasileira Melissa.

Inspirada na beleza das flores dos jardins da Inglaterra, a coleção Givenchy revisitou os clássicos da grife, trabalhando transparências e volumes em modelos de tops e vestidos e a alfaiataria impecável nos ternos acinturados. Desfilada no Hôtel Salomon de Rothschild, a coleção Valentino trouxe a proposta clássica da alta costura como um sonho das noites de gala, longos com rabos de peixe, penas, babados, bordados, rendas e muito organza e tules.Enquanto Elie Saab explorou passado e presente em um tom mais clássico e sofisticado da alta costura, equilibrando diferentes comprimentos de vestidos com bordados exuberantes.

E para finalizar o desfile de despedida de Jean Paul Gaultier que encerrou sua carreira com 50 anos de moda. Gaultier apresentou um verdadeiro espetáculo no famoso Théâtre du Châtelet de Paris com mais de 200 looks, relembrando seus momentos mais marcantes durante estas cinco décadas além de refletir também questões que até hoje ainda são abordadas e que faziam parte do seu DNA, como a diversidade, fluidez de gênero, reciclagem e sustentabilidade.

Como disse no início, foram muitos pontos altos nessa Semana de Moda. Concorda? Que venham as próximas!