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Tamy Yasue

Como é viver em quarentena na África do Sul

Com medidas extremas, o governo da África do Sul trabalha para conter a COVID-19. Veja o relato da nossa colunista, Tamy Yassue, que está no país africano

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Quando deixei o Brasil, no início de fevereiro, o coronavírus começava a ganhar fama. Por isso me abasteci de máscaras, álcool 70% e uma boa dose de coragem para embarcar rumo a uma temporada estudando na África do Sul como contei neste post. Minhas aulas terminaram no meio de março e deixei a Cidade do Cabo rumo a Moçambique, onde passei 2 semanas mergulhando. Como o país é tropical e não está recebendo muitos turistas, poucos são os casos da doença. Por isso eu tentava um novo visto para garantir mais um mês no paraíso. Infelizmente, a política por lá é um pouco confusa e quando fui solicitar a extensão do visto, descobri que haviam acabado de negar o pedido ao príncipe da Dinamarca. O que significa que recebi um sonoro não no bom e velho português. Poucos dias depois, o presidente da África do Sul anunciou um lockdown, fechando as fronteiras, o que me fez retornar ao país e vivenciar a quarentena que agora divido com vocês.

O lockdown na África do Sul determinou o fechamento de todo tipo de comércio, permanecendo abertas apenas lojas de alimentos, combustíveis, farmácias e serviços médicos. Reuniões de pessoas estão proibidas, assim como movimentação entre cidades sem autorização. Os aeroportos estão fechados. Praticar esportes ou sair na rua é proibido e a fiscalização é intensa. Todos os dias a TV mostra casos de pessoas que foram presas quando tentavam ir à cidades vizinhas para visitar familiares.

 

 

Como é viver em lockdown?

A internet na África do Sul não é das melhores e com o confinamento, tenho que esperar por horários alternativos para fazer download de meus arquivos, pois trabalho em home office. Isso significa que streaming e lives não são uma alternativa viável. A diversão fica por conta dos podcasts e da ida ao supermercado 2 ou 3 vezes na semana, sempre muito cedo e usando máscara.

Nos primeiros dias, as prateleiras dos supermercados estavam cheias e as lojas vazias. Alguns poucos corajosos faziam compras. Com o tempo, as pessoas foram ganhando confiança e claramente os idosos saem para passear, algumas vezes vestindo suas melhores roupas. Não faltam alimentos, mas pode ser difícil encontrar frutas e vegetais frescos.

Na África do Sul é comum que supermercados e farmácias vendam outros artigos como roupas, calçados e perfumaria, porém estas sessões estão fechadas e não é possível comprar os artigos. Bebidas alcólicas também não podem ser comercializadas.

 

 

Todos os estabelecimentos fornecem máscaras para os funcionários e é obrigatório se submeter à aplicação de álcool 70% ao entrar nas lojas. Algumas também disponibilizam lenços com álcool para limpeza de carrinhos de compras antes do uso.

Aliás, álcool é o que não falta por aqui. As prateleiras estão cheias e, embora o preço tenha disparado nos primeiros dias chegando a custar quase R$30 por 500 ml, agora o valor estabilizou e é possível encher seu próprio recipiente por R$7 a cada 500 ml.

 

Quando voltava para casa, passei por uma reserva ambiental nas redondezas de Joanesburgo, onde um bando de zebras tranquilamente fazia sua refeição próximo a uma autoestrada vazia. Efeitos de uma quarentena que parece funcionar e revela um céu cheio de estrelas como nunca se viu. Até o momento foram identificados 1845 casos positivos para COVID-19 e apenas 18 mortes.

Se você quer ver mais sobre o lockdown na África do Sul, há um destaque no meu instagram @tamyoficial onde mostro o dia a dia e alguns momentos curiosos desta quarentena. Como é viver em quarentena na África do Sul

 

por Tamy Yasue

Tamy Yasue é designer, yogui, mergulhadora e apaixonada por esportes. Adora estar em movimento, conhecer novas culturas, pessoas e olhar o mundo de um ângulo diferente, por isso isso viaja sempre que pode e nos intervalos pesquisa sobre novos destinos. Desde março, está vivendo na África do Sul, após a pandemia que parou o mundo.


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