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Sabrina Rolim

Receita de avó, feita com poucos ingredientes e simplesmente deliciosa

Comida afetiva e o prático Arroz com Galinha da Vó Rosa

Comida é sentimento. E nossa colunista, Sabrina Rolim, lembra de sua avó Rosa com uma receita cheia de sabor

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Vocês já ouviram falar do poder afetivo da comida? Pois ele vai muito além de nutrição, é uma maneira de resgatar lembranças.  De acordo com a psicóloga Kacielle  Oliveira, antes mesmo de termos consciência e memórias, já estabelecemos laços com o alimento na primeira mamada. Nossa primeira fome de verdade! Depois de saciados, entendemos que além do alimento oferecido, temos aconchego, calor, cheiro e carinho. Ou seja, nosso primeiro registro de amor por comida.

O ato de comer é conexão (ou reconexão) com nossos valores e sentimentos que estão guardados e passam despercebidos na correria do dia a dia. É uma forma de expressão, de estreitar relações e associações por proximidade, cultura e valores sociais. Para cada região do mundo, um sabor, um cheiro, uma lembrança que te faz viajar no tempo e relembrar momentos de aconchego e segurança. Minha comfort food, por exemplo, é a comida que minha avó e minha mãe preparavam quando eu era criança. Churrasco também figura nas minhas memórias.

A comida afetiva já é objeto de estudo e tratada com respeito pelos profissionais da gastronomia, sociologia e psicologia. Uma pesquisa feita com 264 estudantes de graduação de uma universidade dos Estados Unidos avaliou comidas que provocavam neles a sensação de bem-estar e conforto.  Foram coletados dados que puderam classificar a comida em quatro categorias:

Nostálgica: é aquela associada a um determinado período na história do indivíduo, que remete às lembranças de refeições com pessoas queridas;

Indulgência: provoca um sentimento de compreensão, no qual a comida proporciona um sentimento de prazer, desconsiderando seu valor nutricional;

Conveniência: é a comida fácil de preparar ou de se ser obtida, levando em consideração o conforto emocional e a sua praticidade;

Conforto físico: provoca bem-estar físico e emocional por conta de sua composição, textura e temperatura.

Dedicar um tempo para preparar uma comida proporciona muito mais do que boas lembranças. É um ritual MILAGROSO, que ajuda a relaxar (juro) e a resgatar aqueles valores fundamentais que estão esquecidos em nosso subconsciente.

Portanto, veste o avental, não pensa na louça suja e te permite esse momento de puro amor. Para ajudar, divido com vocês a comida mais deliciosa da minha infância. Sem luxo, só amor, temperos, arroz e frango.

Arroz com Galinha da Vó Rosa

(Serve 4 pessoas)

Ingredientes

•       4 coxas ou sobrecoxas de frango (previamente temperadas com sal e pimenta);

•       2 colheres de sopa de açúcar (opcional);

•       1 cebola média picada;

•       2 dentes de alho picados;

•       5 xícaras (chá) de água fervente;

•       2 xícaras (chá) de arroz;

Modo de preparo

Em fogo alto, aqueça uma panela com o óleo e o açúcar até formar um caramelo. Baixe o fogo e doure os pedaços de frango temperados com sal e pimenta. Adicione a cebola, o alho e refogue por mais ou menos 5 minutos. Junte o arroz à panela e frite por mais ou menos 2 minutos. Acrescente a água e cozinhe por 20 - 25 minutos em fogo baixo ou até secar a água ou o arroz ficar bem macio. Se necessário, regule o sal.

A Vó Rosa gostava de finalizar com temperinhos frescos colhidos da sua horta. Ai que saudades...

Referências: Locher J, Yoels W, Maurer D, Van Ells J. Comfort foods: an exploratory journey into the social and emotional significance of food. In: Food and foodways: explorations in the history and culture of human nourishment, 2005.

por Sabrina Rolim

Sabrina Rolim é empresária, mãe e louca por comida. A cada 15 dias, compartilha no Bella+ receitas de família (somente aquelas bem práticas) e dicas de lugares preferidos. @comidatriboa


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