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Gisele Silveira

Gorduras: vilãs ou mocinhas para a alimentação?

Gisele Berardi ensina que não devemos ter medo da gordura natural dos alimentos

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Somos sobreviventes de algumas décadas em que a gordura se transformou no pior inimigo da saúde. Isso é tão real que metade dos pacientes em consultório me questionam quando coloco alimentos gordurosos na dieta como, azeite, coco, abacate. Mas graças à ciência as coisas mudaram.

O primeiro passo para que tiremos esse preconceito da cabeça é não ter medo da gordura natural dos alimentos: a natureza sempre é sábia. Esse macronutriente, quando consumido da forma e nas quantidades adequadas, traz inúmeros benefícios para a saúde. É essencial para a formação das membranas das nossas células, síntese de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e até mesmo de hormônios importantes, como os sexuais. Isso mesmo: você pode ter deficiência de hormônios por ter uma dieta restritiva de gorduras e, digo por experiência, isso normalmente acontece por volta dos 3 meses de alta restrição alimentar.

Agora, fique atento, como tudo na vida, existem os dois lados da moeda, e as gorduras ruins são sim um perigo a nossa saúde! Quer saber quais são? Acompanhe a lista:

1. Frituras em imersão em óleos: o aquecimento aumenta a quantidade de radicais livres da gordura, produzindo substâncias cancerígenas.

2. Óleos vegetais (canola, milho, soja): esses passam pelo processo industrial para se tornarem parcialmente hidrogenados/trans. Para cozinhar, use óleo de coco, manteiga (de preferência a clarificada, chamada ghee), azeite de oliva extra virgem (menos p/ fritura) e banha de porco (sim, você leu bem).

3. Gorduras trans: gorduras adicionadas a qualquer alimento industrializado passam por um processo de hidrogenação. Recebem outros nomes, como hidrogenada, esterificada e mais outras 20 nomenclaturas utilizadas para nos enganarem e gerar confusão na hora de lermos os rótulos. Minha dica nessa situação é simples: se você não reconhecer o nome na lista de ingredientes como um alimento, não compre e não consuma! 

4. Margarina: mesmo com toda propaganda de alimento protetor do coracão, não se engane. Mesmo tendo substâncias benéficas (adicionadas industrialmente, diga-se de passagem) não devemos consumir a manteiga por ser um produto sintético baseado em gordura trans. Essa gordura está nos biscoitos (inclusive os ditos “saudáveis”, viu?), salgadinhos, bolos industrializados, sorvetes, chocolates (exceto os amargos, com no mínimo 85% de cacau).

Agora, como para tudo na vida, equilíbrio e moderação se fazem necessários na hora de consumir as gorduras boas, as proteínas, os carboidratos. Apenas não se esqueça: ninguém é vilão ou mocinho.

Ah! Queria finalizar contando um fato de consultório. O que me motivou a escrever sobre esse assunto foi um presente que ganhei esta semana de uma paciente querida: meio quilo de banha de porco. Quando abri fiquei feliz porque percebi que os tempos estão mudando e eu adoro fazer parte dessa mudança! E você?

por Gisele Silveira

Gisele Silveira é mãe da Antônia e nutricionista funcional, com foco em emagrecimento e hipertrofia, fertilidade e envelhecimento saudável. Escreve semanalmente para o Bella+ com a missão de desvendar os segredos da alimentação saudável. @giselesilveiranutri


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