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Abril Azul: diagnóstico precoce e rede de apoio são essenciais para crianças autistas

Mês é marcado por campanhas que ressaltam a importância do diagnóstico e do tratamento adequados e busca acabar com o preconceito

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Em 2007, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu que 2 de abril seria conhecido como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data, que tem como objetivo levar informação para reduzir a discriminação e o preconceito contra pessoas que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), se tornou também o marco do Abril Azul, fazendo com que o mês inteiro tenha esse papel conscientizador.

O que é o Transtorno do Espectro Autista?

A psiquiatra da Infância e Especialista em Desenvolvimento Infantil, Lisiane Motta, explica que o TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a área da comunicação social. “Ou seja, a pessoa pode sofrer prejuízos relacionados à socialização e à comunicação e desenvolver um padrão rígido e repetitivo de comportamento. Com isso, são apresentadas alterações sensoriais e uma inflexibilidade cognitiva, e a pessoa tende a fazer as coisas sempre da mesma forma”, detalha.

Nos pacientes diagnosticados com TEA trabalha-se a ideia de espectro, pois existem apresentações muito variadas do transtorno. “Podemos ter crianças com prejuízos muito leves, os quais fazem com que o diagnóstico não ocorra na infância, pois o TEA só é identificado ao longo do desenvolvimento (adolescência e vida adulta), quando aumentam as demandas em relação a comunicação e a socialização. E podemos ter quadros muito graves de crianças com atrasos importantes, que muitas vezes são associados a algumas síndromes e questões neurológicas”, frisa a especialista. 

Lisiane orienta pais e responsáveis a sempre buscarem diagnóstico precoce do TEA, para que seja possível fazer intervenção precoce e de alta intensidade com auxílio de profissionais qualificados, o que inclui a estimulação adequada da criança “O diagnóstico de autismo não é uma sentença, ele passa a ser uma sentença quando a gente não tem as intervenções adequadas”, enfatiza. 

A família tem um papel importante no desenvolvimento 

A primeira coisa que devemos ter em mente é que o diagnóstico precoce e as intervenções feitas são fatores que impactam diretamente no prognóstico dos casos. “E mais do que isso. Entender as dificuldades da criança é fundamental para que a família seja orientada da forma correta sobre como estimular a criança para que ela viva com uma melhor qualidade de vida”, esclarece. 

A psiquiatra pondera que, quanto maiores os atrasos que a criança manifesta, mais dificuldades de comunicação ela tem e isso, consequentemente, impacta fortemente em seu comportamento. “Se conseguirmos desde cedo estabelecer uma forma de comunicação com a criança, teremos um melhor comportamento e mais qualidade de vida para as famílias”, assegura.

Hoje, há muito material na internet, como sites e canais no YouTube, em que os pais podem estar recebendo informações e estimulando a criança de maneira que leve a um resultado melhor.

Rede de apoio é fundamental

A psiquiatra orienta que uma boa rede de apoio é fundamental em qualquer situação de diagnóstico na infância. “É sempre muito difícil para os pais lidarem com as dificuldades e os transtornos associados à infância sem uma rede de apoio. No caso do autismo, temos que ter claro que muitas pessoas estarão envolvidas, incluindo a equipe de intervenção, a escola e o próprio núcleo familiar. É fundamental ter essa rede, formada por pessoas que vão estimular e ajudar a criança a se desenvolver, assim como a todas suas potencialidades e habilidades”, esclarece Lisiane.

Todos precisam aprender a lidar com os comportamentos da criança: pais, professores, cuidadores, profissionais da saúde...Lisiane sinaliza que é preciso fazer uma análise constante do comportamento, pois com ele a criança está comunicando algo. “Devemos entender qual o antecedente que gerou esse comportamento, sua função e como devemos lidar com ele para, através da compreensão, conseguir reduzir a ocorrência de comportamentos mais agressivos e disruptivos” complementa. 


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