O que é o protagonismo infantil e qual a sua importância para as crianças?

A educação e a forma de criar os filhos têm mudado muito nos últimos anos. É cada vez mais comum vermos as crianças sendo mais participativas, ganhando mais espaço para expressar suas opiniões, sentimentos e necessidades. E é exatamente isso que o propõe o protagonismo infantil: que os pequenos sejam protagonistas de suas histórias e não apenas espectadores.

Mas isso significa que ela deve ter total liberdade para tomar decisões e assumir responsabilidades? Não! A pedagoga e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bianca Salazar Guizzo, enfatiza que esse termo não deve ser confundido com a ideia de que os pequenos não tenham limites. 

“É justamente o contrário, pois quando trabalhamos com o protagonismo infantil, queremos que a criança participe, interaja, experimente. Faça por si mesma sem que os adultos com quem convive façam por ela quando não há necessidade”, esclarece.

Por que é importante desenvolver o protagonismo infantil?

O objetivo de práticas que incentivam o protagonismo infantil é estimular a criança a ser curiosa e competente, ensinando-a a desenvolver um papel ativo na construção da sua identidade através de experiências. Segundo explica Bianca, assim, ao serem colocadas como protagonistas das situações do seu cotidiano, elas também desenvolvem sua autoestima e aprendem a ser autônomas e independentes, por isso essas práticas são tão importantes.

“O protagonismo infantil vincula-se à participação efetiva das crianças no seu desenvolvimento, bem como na (re)solução de situações e de problemas que emergem no cotidiano em que estão inseridas, sob supervisão e/ou orientação dos adultos com quem convivem”, cita a pedagoga em um artigo que escreveu junto a outras pesquisadoras durante uma pesquisa que realizou sobre o assunto.

Como estimular o protagonismo das crianças

A forma mais simples de incentivar o protagonismo infantil é criar oportunidades e ambientes desafiadores para que a criança possa desenvolvê-lo. E isso pode ser feito até mesmo no dia a dia. “O adulto pode organizar ambientes em que a própria criança vai poder escolher com o que brincar e como. Além disso, há as próprias situações do cotidiano em que esse protagonismo pode ser promovido. Quando a criança já é maior, por exemplo, ao invés de o adulto servir seu prato de comida, ele pode incentivá-la para que ela o faça”, sugere Bianca.

Outra maneira de estimular a independência e a autonomia, é, ao finalizar uma brincadeira, deixar que as crianças organizem o ambiente. “Geralmente elas levam mais tempo que o adulto, mas é preciso respeitá-las para que elas aprendam com isso”, pontua a pedagoga.

Para a doutora em Educação, o fundamental é que tanto no âmbito da família, como no da escola, crie-se ambientes desafiadores que incentivem a criança a encontrar formas de explorá-los e experimentá-los. Ela finaliza relembrando uma conhecida frase da educadora Maria Montessori que resume bem o que significa o protagonismo infantil na prática: "Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha".