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Chocolate é vilão ou mocinho para as crianças?

Especialistas respondem dúvidas sobre o consumo de doces durante a Páscoa e citam alternativas para os pais que não querem dar chocolates às crianças

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Estamos na semana da Páscoa e, com a chegada da data, muitos pais e mães se perguntam se é correto presentear os pequenos com ovos de chocolate e doces, ou seja, guloseimas com muito açúcar. 

Afinal, existe uma idade limite para introduzir o chocolate na alimentação das crianças? Quais são as alternativas para quem não quer dar chocolate para os filhos pequenos? O Bella Mais conversou com algumas especialistas para tirar essas e outras dúvidas.

Nada de doces até os 2 anos

Bianca Favero, Nutricionista Assistencial Materno Infantil do Hospital Moinhos de Vento, cita o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos do Ministério da Saúde para destacar que não se deve oferecer alimentos com acréscimo de açúcar, incluindo chocolate e achocolatados, para menores de 2 anos. 

É o que também indica a nutricionista Luciana Badia, que atua na área de Nutrição Funcional e Ortomolecular. Ela lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as crianças tomem o leite materno até os 2 anos de idade e que a oferta de alimentos doces pode induzir a um desmame precoce.

"O ideal é que as crianças só experimentem chocolate depois de 2 anos e, ainda assim, em pequenas quantidades. Além de ser um alimento calórico que pode contribuir para a obesidade infantil, o chocolate pode colaborar com a formação de cáries, sem falar que pode conter cafeína e teobromina, substâncias estimulantes e com poder 'viciante'", destaca Karini Merolillo, nutricionista clínica funcional.

Crianças precisam de uma atenção maior

A nutricionista Luciana, explica ainda que o consumo regular ou excessivo de açúcar ajuda a aumentar o risco de desenvolver diabetes, cáries, obesidade, hipercolesterolemia e hipertensão arterial, tanto na infância quanto na vida adulta.

“No entanto, precisamos de uma atenção ainda maior com as crianças, pois elas estão formando o paladar e o consumo de alimentos doces influencia negativamente neste processo. Afinal, a criança tende a criar preferência pelo sabor doce, recusando alimentos menos palatáveis como frutas e hortaliças”, afirma Luciana. Já Karini complementa a reflexão, afirmando que o chocolate tende a prejudicar o apetite das crianças, especialmente se for consumido na fase inicial da introdução alimentar com alimentos sólidos.

Preciso eliminar o chocolate da Páscoa das crianças?

Para Luciana, o consumo de chocolate na Páscoa não é um problema ou algo que deva ser evitado entre as crianças. “Na Páscoa as crianças acabam ganhando muitos ovos e comem tudo muito rapidamente. Este é o problema: ingerir todo esse açúcar e gordura em pouco tempo e sem controle. Isso é que deve ser evitado!”, recomenda. 

Ela recomenda aos pais e responsáveis fracionar o chocolate para não gerar riscos à saúde. A sugestão é uma porção por dia, ao longo de um mês ou até mais, dependendo da quantidade de doces que o pequeno ganhou na Páscoa.

Já a nutricionista Bianca Favero, lembra que a alta ingestão de chocolates por crianças gera um hábito alimentar de baixa qualidade nutricional, além de aumentar o fator de risco para doenças crônicas, e condições relacionadas ao aumento de peso.

Ou seja, crianças podem ser presenteadas com chocolate, mas pais e responsáveis precisam ficar atentos e controlar a frequência de consumo e, sempre que possível, orientar avós, padrinhos, amigos ou quem for presentear os pequenos sobre as melhores escolhas em relação ao tipo de chocolate.

Como substituir o chocolate na Páscoa

A nutricionista Luciana comenta que, além da questão nutricional, adultos precisam lembrar que Páscoa também é uma data lúdica, com um significado especial, que não é encontrado em nenhum alimento saudável, sem falar que não vai ser saboroso e divertido como o chocolate. 

Nesse caso, a recomendação é dar preferência para chocolate com mais massa de cacau na composição e/ou sem gordura hidrogenada. Para fazer escolhas melhores, confira a lista de ingredientes no rótulo.

Luciana também alerta sobre o tamanho dos ovos, barras de chocolate e outros presentes doces de Páscoa. A prática de sempre escolher “o maior” merece muita atenção, pois é com essas escolhas que os adultos incutem nas crianças o hábito alimentar de comer em excesso, o que vai trazer problemas lá na frente.

Uma possibilidade indicada pela nutricionista Karini Merolillo, é tentar demonstrar o carinho de outras formas, como realizar brincadeiras com temas relativos à Páscoa. "Bebês podem ser presenteados com coelhinhos de pelúcia, por exemplo. Para os maiorzinhos, existem cestas de brinquedos baratinhos, kits para fazer orelhinhas, adesivos com a temática da Páscoa", exemplifica. 

Karini lembra três brincadeiras antigas, normalmente feita entre pais e filhos, podem ser retomadas:

- Pintar as casquinhas de ovos e rechear com alimentos mais saudáveis e que sejam do gosto da criança, como uvas passas, amendoins, 

- Fazer uma capa ao coelho, com as patinhas de farinha pintadas no chão, ao final da trilha, oferecer uma cesta de café da manhã com coisas que a criança gosta, 

- Preparar receitas junto às crianças com tema de Páscoa, como um bolo de cenoura caseiro enfeitado com frutas em forma de coelho. 


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