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Dia das Crianças: brincadeiras auxiliam a combater a ansiedade

Isolamento afetou a saúde mental dos pequenos, mas eles podem encarar de maneira saudável

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A cada quatro crianças, uma já apresentou sintomas de ansiedade e depressão com a necessidade de intervenção de especialistas durante a pandemia. O isolamento trouxe consequências para a saúde mental da população em geral e com os pequenos não foi diferente. O dado é do estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que desde junho do ano passado monitorou 7 mil crianças e adolescentes de todo o País. 

A psicóloga infantil Silvana Reis Farias relata que, na sua experiência no consultório, tem observado que crianças que frequentavam a escola e já tinham convívio anterior estão mais angustiadas e ansiosas. Muitas que eram tranquilas se tornaram mais agitadas. Algumas delas tiveram perdas familiares, que aumentam essas ocorrências. 

“Além disso, existe a questão dos pais trabalhando dentro de casa com as crianças - as famílias não estavam acostumadas a passar o dia todo juntas. Foi inaugurado um convívio que não se tinha antes. E os pais nem sempre conseguem atender todas as necessidades das crianças nesse sentido”, aponta. 

A volta do convívio social

No atual cenário, com a maioria das atividades sendo retomadas, um dos desafios dos pais tem sido ajudar as crianças a retomarem a socialização - muitas ficaram assustadas. De acordo com Silvana, os pequenos enfrentam o medo do vírus também através do olhar dos pais. 

“Portanto, uma forma dos pais contribuírem é só liberar os filhos a essa retomada quando eles mesmos se sentirem seguros. E se preciso, busque ajuda. A criança se guia para o mundo a partir do olhar parental”, aponta. 

Como identificar que é necessária ajuda profissional

Os pais precisam sempre estar atentos ao comportamento das crianças. Muitas vezes, elas demonstram sinais de que é necessário buscar ajuda profissional no que diz respeito às questões da saúde mental.

Silvana indica um exercício: pensar e comparar como era a vida da criança antes da pandemia. “Os pais precisam se questionar como ela se comportava. Interagia bem com os colegas? Se reportava ao adulto quando tinha medo? Dormia e se alimentava bem? A partir dessa comparação, é possível perceber as consequências de toda essa situação e avaliar se é preciso buscar ajuda”, explica a psicóloga. 

A retomada das atividades, de forma segura, também pode ser uma aliada para minimizar os efeitos. “A escola, por exemplo, é um lugar fundamental, que também ajuda a criança a se estruturar. Os pais devem instruir a criança a se cuidar para que seja possível o retorno. Ensinar a se cuidar do Covid é ensinar a se cuidar como um todo, pois a forma que lidamos com este temor vai ajudar a criança a lidar com os temores da vida”, aponta Silvana.

Criatividade como aliada

Ainda que as atividades estejam sendo flexibilizadas, muitos pais ainda vivem a realidade de estar com as crianças em casa em tempo integral - o que continua sendo um desafio. Porém, é possível tornar esse dia a dia mais leve e minimizar os efeitos do isolamento para os pequenos.

Para a educadora criativa, Faheana Thönnigs, o estímulo criativo pode ser um grande aliado nesse momento, tanto das crianças, quanto de todos da família. Segundo ela, nascemos criativos, cheios de ideias, mas nosso repertório imaginativo para criar se enche através das vivências e experiências

“Momentos de interação e criação entre a família trazem conexão entre todos, gerando mais confiança, tempo de qualidade, presença, mas também nos faz conhecer melhor os filhos, através da forma com que eles se expressam durante o processo de criar e brincar. Eu diria até que é uma grande ferramenta de autoconhecimento para todos nós”, explica.

O fazer com as mãos e o criar ativa áreas do nosso cérebro relativas ao prazer. “Conseguimos sentir confiança e relaxar, diminuindo o estresse, tensão e ansiedade do dia a dia e que os tempos como os que estamos vivendo nos trazem. O mesmo acontece com as crianças”, aponta.

A educadora trouxe algumas dicas de atividades que estimulam a criatividade das crianças e ainda auxiliam na prevenção da ansiedade. Você pode colocar em prática hoje mesmo:

Vá para a natureza

Não existe ambiente mais calmante e cheio de estímulos criativos que a natureza. Uma pracinha ou uma caminhada na rua de casa: ache uma pedrinha do chão e aí rola riscar uma amarelinha juntos, ou até mesmo desenhar livremente com as pedras no chão. Nessa época há flores e folhas caídas, podem fazer um jogo da velha com elementos da natureza, que tal?!

Massinha de modelar e os sentimentos

Que tal brincar de fazer “caras” de massinha com os sentimentos que conhecemos? Aí vamos conversando sobre como nos sentimos quando fazemos aquela cara. Essa é uma ótima possibilidade de conhecer os sentimentos e nossos filhos. Além disso, a massinha também é uma aliada para acalmar. 

E se a gente inventar a nossa própria massinha de modelar?! A receita é: 4 xícaras de farinha de trigo + 1 xícara de sal + 1 xícara e meia de água + 1 pacote de suco em pó de alguma cor, corante comestível ou tinta guache + 1 colher de sopa de óleo. A diversão tá garantida no fazer e no brincar.

Cozinhem algo juntos

Pode até ser uma “Noite de Pizza”, comprando a massa pronta e montando juntos sabores diferentes, usando a criatividade, podem montar a mesa de um jeito diferente. Cozinhar é terapêutico e também mostra que eles podem e conseguem ajudar. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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