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A difícil comunicação de confiança entre pais e filhos adolescentes

Assuntos delicados são sempre uma barreira para tratar com os jovens

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A adolescência é um período cheio de mudanças e descobertas. Essa época acaba se tornando um obstáculo não só para os próprios jovens, mas também para os pais, que muitas vezes encontram dificuldades principalmente na comunicação. Como estabelecer uma relação de confiança e abordar assuntos mais íntimos e difíceis com os adolescentes?

A psicóloga Helena Guido explica que a adolescência é um processo de intensas mudanças e construção da identidade. “É natural que ocorram divergências entre pais e filhos. Além disso, pode ser um desafio para os pais compreenderem que os adolescentes não são mais crianças e que nem sempre vão concordar com a opinião deles”, aponta.

Para quebrar a “barreira”, que muitas vezes existe na comunicação, é essencial que os pais considerem que os adolescentes também têm algo a dizer. “Eles não devem se colocar com uma postura julgadora, mas sim respeitar e estimular a expressão destes jovens. Isto possibilita uma comunicação mais efetiva”, orienta a psicóloga.

Assuntos delicados

Sexualidade, mudanças no corpo, comportamento, relacionamentos… Estes são apenas alguns dos exemplos de assuntos íntimos e delicados que estão na pauta da adolescência. De acordo com Helena, eles devem ser tratados na família sempre de forma natural e sincera.

“Muitas vezes assuntos considerados difíceis acabam se tornando tabu. Pautas complexas também podem ser abordadas em fases mais avançadas do desenvolvimento. É importante adequar o tema e a linguagem à capacidade de compreensão em cada faixa-etária. Ou seja, falar com um jovem de 13 anos é diferente do que falar com um de 17 anos”.

Também é fundamental respeitar o tempo do adolescente: às vezes naquele dia ele não se sente disposto a conversar, mas ao retomar o assunto em outro momento, ele pode se sentir mais confortável. “Explique também o seu objetivo com a conversa. Para evitar falhas na comunicação e mostrar que você está ali para ajudar”, indica Helena.

Comunicação efetiva

Apesar de ser um desafio para os pais, é possível ter uma comunicação efetiva e estabelecer uma relação de confiança com os adolescentes. Muitas vezes, atitudes no dia a dia podem ajudar. 

Escute (de verdade) o seu filho: se você quer que ele escute o que você fala, dê o exemplo. Esteja atento ao que o adolescente expressa e não fique apenas esperando a sua vez de falar;

O que o adolescente fala é importante: não invalide o que o adolescente falar. Frases como “na sua idade não se sabe nada da vida” ou “você ainda vai mudar muito de opinião”, não ajudam o jovem a se sentir seguro para falar;

Seja específico e objetivo para evitar falhas na comunicação: além disso, lembre que a palavra tem valor, ou seja, se falar, cumpra. Pensar em soluções colaborativas junto com o adolescente também favorece o engajamento na conversa e posteriormente no cumprimento das combinações;

Seja breve, colocando os pontos principais, ouvindo e concluindo o assunto: conversas longas de duas horas não favorecem a comunicação nem o engajamento do adolescente;

Não se exalte conversando: você pode esclarecer os pontos importantes e continuar sendo o adulto da conversa. Assim, o adolescente também aprende que é possível conversar sem alterar a voz ou ofender o outro;

Converse também sobre as coisas boas: o momento de conversar não precisa se tornar sinônimo de briga ou de cobrança. Tenha momentos de conversa sobre as potencialidades e para reconhecer aspectos positivos do adolescente;

Tenha paciência e não desista: talvez o adolescente não queira conversar em um determinado momento e isso não quer dizer que ele nunca vai querer. Manter uma postura receptiva e afetuosa ajuda que o jovem também se sinta seguro para buscar o adulto para falar quando sentir necessidade.

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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