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“Boadrasta”? Como construir uma relação saudável com os enteados

Muitas vezes vista com maus olhos, a madrasta enfrenta desafios nas relações familiares

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Além das princesas, príncipes e rainhas, existe uma personagem que quase sempre aparece nos contos de fadas: a madrasta. Geralmente uma vilã, ela disputa o amor e atenção do pai com os filhos. Mas será que na vida real essa relação precisa ser conturbada? 

A psicóloga Jucieli Gomes explica que, apesar de existir um estereótipo negativo sobre as madrastas, isso está mudando. Na vida real essa situação de conflito não é mais tão comum. Entretanto, como em qualquer relação familiar, podem existir problemas.

Os casos mais comuns envolvem ciúmes do parceiro ou do parceiro com a criança. “Por conta dessa emoção, as situações mais corriqueiras podem ser falar mal da mãe da criança, querer agradar em demasia no início mas, não manter os agrados com o tempo. Também entrar em um ‘combate’ com a criança para competir a atenção do pai, por exemplo”, aponta.

A mãe da criança

Além do enteado e da madrasta, existem outras pessoas envolvidas nessa relação familiar. Uma delas é a mãe da criança. Jucieli explica que, esse convívio deve ser o mais respeitoso possível. Muitas situações podem estar envolvidas no divórcio, causando dificuldade na comunicação entre os pais da criança, e para a madrasta, envolver-se nessa situação provavelmente só irá tornar tudo mais difícil.

“O ideal é deixar que as decisões como pais sejam tomadas entre os pais. Conforme o tempo passa e a nova parceira do pai fica mais próxima, em muitas situações atuais, existe uma boa relação entre madrasta e mãe, de confiança e parceria, mas isso é uma construção com base no respeito. Quanto todos os adultos entendem que a situação envolve uma criança e que o bem estar dela está na boa relação de todos”, aponta a psicóloga. 

O papel do pai

Outro personagem importante nesse contexto é o pai da criança. Jucieli ressalta que, o papel dele precisa ser de não tomar partido, nem passar sua responsabilidade para a madrasta. “Sua função continuará sendo de pai da criança, cumprindo suas obrigações, estando próximo quando ela precisar, sendo o parceiro na criação, amando e priorizando seu filho”, explica. 

Nem sempre é fácil lidar com as emoções que podem vir desta situação, mas, é importante que o pai não fale mal da mãe, nem leve situações conflituosas. “Situações da mãe devem ser resolvidas com a mãe e situações do novo relacionamento com a nova parceira, sem que isso interfira na criação dos filhos”, complementa a profissional. 

Preservando a relação entre madrasta e enteado

Jucieli ressalta que não existe uma forma correta ou apenas uma maneira de se conduzir um novo relacionamento quando se tem filhos. Alguns pais irão ter dificuldade de se comunicar, alguns chegaram à decisão do divórcio em consenso e outros terão mais dificuldades.

“Acima de tudo isso deve-se lembrar que um filho não está lá para tirar o lugar de alguém. A criança muitas vezes está em uma situação muito difícil mas, com o passar do tempo, todos podem viver bem, com respeito e paz, desde que resolvam os desafios de modo racional”, comenta.

Diálogo sempre

O melhor caminho para manter uma boa relação entre madrasta e enteado passa pelo diálogo com o parceiro. “É preciso expressar as questões que causam conflito, o que sente e até que ponto está disposta a colaborar no dia-a-dia com a criança, além de impor limites e regras em relação ao seu papel e ao que se sente bem em fazer”, orienta Jucieli.

Ser gentil com a criança, entender que ela sempre irá amar sua mãe e seu pai e que ninguém irá ocupar o lugar da mãe mas, que ela pode sim ter seu lugar de referência de confiança e carinho também é essencial nesse contexto. 

“De início é normal a criança se mostrar resistente à aproximação, mas, com carinho e respeitando o tempo dela, é possível construir uma boa relação. Além de sempre ter uma boa comunicação com o parceiro, com honestidade e confiança, podendo levar os momentos difíceis para o diálogo, buscando uma resolução sem punições para a criança”, finaliza a profissional. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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