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Ter irmãos contribui para o desenvolvimento ao longo da vida

No Dia do Irmão, uma reflexão sobre os benefícios desse importante vínculo

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A família é o primeiro espaço social em que aprendemos a desenvolver competências de relações sociais. Neste 5 de agosto é celebrado o Dia do Irmão, vínculo importante na relação familiar e que traz reflexos para toda a vida. 

A psicóloga Fernanda Vaz Hartmann explica que, com os pais, aprendemos interações com níveis de poder e hierarquia diferentes; é uma interação de visões de mundo distintas, pois eles pertencem a outras gerações. Já com os irmãos, o aprendizado desenvolvido é a capacidade de lidar com alguém no mesmo nível de poder, ou seja, relações entre iguais, e neste sentido há um laboratório para lidar com a competição e a colaboração.

“São relações permeadas por visões de mundo muito semelhantes, o que promove processos de identificação. Não raras vezes o irmão mais novo se espelha em um irmão mais velho. Entretanto, o nível de saúde das relações fraternas estará diretamente relacionado à funcionalidade da família”, destaca a profissional.

Fernanda lembra que existem muitas famílias que estabelecem expectativas e papéis muitos rígidos em relação a cada filho (o primogênito, o caçula, o filho do meio), o que pode gerar muita diferença no trato de cada filho, promovendo a rivalidade e competição entre os irmãos na busca de se sentirem valorizados pelos pais. “Não podemos esquecer que a relação entre irmãos é aquela que teria a maior duração no núcleo familiar, e que se for bem estruturada, tem a possibilidade de ser uma referência de suporte afetivo e de pertencimento aos indivíduos ao longo da vida”, aponta.

Benefícios da relação fraterna

O ambiente entre irmãos é o de experiência que desenvolverá a competência de inserção entre pares adultos. É também na relação fraterna que aprendemos a lidar com conflitos e a desenvolver recursos para resolve-los. “É nesta relação que os temas de ordem mais íntima são compartilhados, promovendo relação de confiança entre iguais”, destaca.

Este “laboratório” de experiência entre pares ajudará muito em outras relações adultas, como no ambiente de trabalho, entre amigos e as de ordem afetiva em geral. “Os adultos que tiverem irmãos, terão vivências na infância de compartilhamento, negociação e conflito que contribuem para as demais relações adultas”, comenta Fernanda. 

Também é comum na relação entre irmãos que haja conflitos e competição. Porém, até mesmo estes momentos são de aprendizado. “Aprender a lidar com isto é favorável, à medida que permite os indivíduos a desenvolver a capacidade de negociação, de empatia (se conectar com a necessidade do outro) e também do espírito de cooperação e compartilhamento”, aponta a psicóloga.

E os filhos únicos?

E como ficam aquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de ter irmãos? Fernanda explica que, os filhos únicos ficam prejudicados nesta exposição e a desenvolver recursos para lidar com pares. Porém, existem famílias de filhos únicos que promovem outros espaços de convivência, criando oportunidade das crianças aprenderem a negociar, compartilhar e lidar com conflitos. 

“A escola seria o segundo ambiente social que ofereceria espaço de extração de relações sociais entre iguais”, explica Fernanda. Outros familiares também podem fazer este papel na vida do filho único. Não são raros os casos em que primos, por exemplo, são considerados irmãos. 

Fernanda destaca que a escolha do número de filhos passa por diferentes variáveis, e que atualmente é muito comum um casal optar por ter apenas um filho, e não há nada de “errado” nisso. “Mas, me parece essencial os pais terem consciência da importância de promover ao filho espaços de convivência entre semelhantes, para oferecer a eles a possibilidade de desenvolver os recursos necessários para uma sociedade menos individualista e egoísta”, finaliza a profissional. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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