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Excesso de exposição às telas prejudica visão das crianças

Saiba qual o limite diário e como preservar a saúde dos olhos dos pequenos

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A presença das telas nas nossas vidas não é novidade: no trabalho, em casa e até mesmo no alcance das nossas mãos. Entretanto, no último ano, não há dúvidas de que ela se intensificou. Com a necessidade do isolamento social imposta pela pandemia, muitas atividades que antes eram feitas em outros formatos migraram para o digital, nos colocando ainda mais diante dos dispositivos eletrônicos.

Apesar de algumas vezes ser indispensável, o uso excessivo de telas pode trazer prejuízos à saúde ocular. Para as crianças, o problema se agrava, pois ainda existe o desenvolvimento da visão e dos tecidos oculares. Conforme explica a médica oftalmologista, Cristiane Bins, o uso de aparelhos eletrônicos, principalmente os portáteis, faz com que a necessidade de focar perto exija que o trabalho do músculo do foco seja máximo.

“Esse excesso de tempo com o músculo contraído pode ocasionar o surgimento ou agravamento de grau, além de sintomas de fadiga ocular, como cefaléia, dor nos olhos, sensação de peso nas pálpebras e embaralhamento visual”, alerta. 

De acordo com a médica, o interesse por eletrônicos já existe há muito tempo e sempre foi uma questão abordada em consultório pelos oftalmologistas, como parte da orientação preventiva às crianças e adolescentes. Porém, a pandemia aumentou a preocupação dos pais nesse sentido. “Houve um aumento no número de horas em frente às telas pelas crianças, tanto pela questão escolar como por lazer, já que elas estão mais tempo dentro das residências, tornando o uso mais frequente”, aponta Cristiane.

Pausas necessárias

Alguns momentos em frente às telas são inevitáveis: é o caso das aulas online, por exemplo. Mas em outras situações, principalmente de lazer, é possível medir o uso dos aparelhos. Menores de até três anos, o ideal é evitar ao máximo a exposição aos eletrônicos.

Muito tempo de permanência da utilização de eletrônicos pela criança, forçando a visão para perto, é o que aumenta o risco para as alterações. A orientação para todas as faixas etárias, é parar para o descanso dos olhos a cada hora ou hora e meia, por alguns minutos, se possível.

“Fazer essa pausa significa mudar a atividade para alguma coisa que exija um foco mais distante e que, de preferência, seja em ambiente com luz natural. O tempo mais seguro de exposição varia de acordo com a idade da criança. Quanto mais nova, menos tempo é recomendado, devido ao maior risco de alterações oculares”, explica a médica. 

Atenção aos possíveis sintomas

Alguns sinais de que as telas em excesso estão prejudicando os pequenos podem servir de alerta aos pais, como: aumento do piscar, lacrimejamento, dor de cabeça após algum tempo em frente às telas, perda de foco, dor nos olhos, aproximação  para enxergar melhor e desinteresse com a leitura. 

“Vale ainda lembrar que, a avaliação oftalmológica infantil tem indicação a partir de um ano de idade e deverá ser mantida até idade escolar, mesmo que pareça estar tudo normal. Uma criança com alteração em um olho só pode parecer não ter problema algum e o momento ideal de tratamento pode ser perdido, ocasionando o não desenvolvimento adequado de visão no olho afetado”, alerta Cristiane.

A oftalmologista relata que tem observado nas crianças e adolescentes,  quando expostos a um número elevado de horas em frente às telas e de forma recorrente, um aumento no surgimento da miopia e na progressão do grau desta ametropia. “Esta situação tem nos preocupado muito porque, além de ser uma patologia que reduz muito a qualidade visual, traz outros riscos à saúde ocular, como glaucoma, doenças maculares e risco de descolamento de retina”, aponta.

Pandemia aumentou a preocupação com os olhos

Enquanto em outras modalidades foi registrada uma baixa na procura de consultas médicas, na oftalmologia, aconteceu o movimento contrário: o período aumentou muito a procura para as revisões, devido ao grande aumento de sintomas oculares e  das preocupações relacionadas à saúde dos olhos, como um todo.

“Em 2020, logo no início da pandemia, tivemos uma redução geral dos check-ups, mas ao longo dos meses seguintes, os pacientes sentiram a necessidade do retorno e de obterem orientações para reduzir o desconforto com sintomas recorrentes e a prevenção relacionadas aos excessos de telas”, relata Cristiane.

A pandemia trouxe ainda uma necessidade de cuidados que modificaram a rotina, pelo risco de contaminação e transmissão, mas a saúde precisa ter uma atenção global e isso inclui a redução dapermanência excessiva dentro de casa, que leva ao exagero do uso de telas. 

“Se faz necessária a saída ao ar livre, a busca do sol, da luz natural, do olhar descansando em uma paisagem, das brincadeiras lúdicas, enfim, da vida ao ar livre. Os cuidados devem estar presentes sempre, mas a nossa saúde física e mental também deve ser uma prioridade”, finaliza a profissional. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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