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Seleste Michels criou a curadoria a partir da dificuldade em encontrar livros interessantes para a filha Teodora

Ler para os filhos: professora ajuda pais a montar bibliotecas personalizadas

Projeto de curadoria leva em conta gostos e interesses da criança e da família para indicar títulos

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A leitura é fundamental para o desenvolvimento das crianças, mas nem sempre cultivar esse hábito é fácil. Se você está pensando em como incentivar o seu filho a ler e não sabe por onde começar ou se tem encontrado dificuldades para achar livros adequados para ele, a história e as dicas da professora e doutora em Letras Seleste Michels podem te inspirar. 

“Por onde eu começo?” 

Foi primeira pergunta que Seleste fez a si mesma quando sua filha Teodora, hoje com 6 anos, nasceu. Ela percebeu que não tinha preparo e conhecimento suficientes para escolher os livros para ler com a pequena. Ela começou lendo clássicos para filha, mas notava que as edições não tinham textos adequados.

Outra tentativa foram os clubes de assinatura de livros, mas novamente, as obras não se adequavam à faixa etária e aos gostos de Teodora. “Eu esperava que perguntassem alguma coisa sobre a criança, mas perguntavam somente a idade ou a capacidade de leitura, deixando de fora aspectos relevantes como o gosto pessoal dela e da família” , relembrou Seleste. O resultado? Os livros enviados pelo clube de assinatura não atendiam às expectativas nem da mãe e nem da filha.

A professora iniciou então uma pesquisa aprofundada sobre literatura infantil e, a pedido de colegas do trabalho que também queriam indicações, passou a compartilhar em suas redes sociais os livros que lia para Teodora. A partir daí, começou a montar as primeiras bibliotecas particulares e em seguida, as sugestões, dadas até então a colegas e conhecidos, se tornaram um projeto de curadoria literária infantil. 

O projeto

Criado em setembro de 2020, a ideia era oferecer justamente aquilo que Seleste sentiu falta em experiências anteriores: indicações adequadas e pensadas especificamente para cada criança e sua família. Por isso, para fazer as sugestões de leitura, a professora leva em conta aspectos como: faixa etária, os gostos e interesses da família e da criança, o nível e a rotina de leitura, a preferência por personagens, entre outros. “A curadoria parte da experiência da família, então para montá-la, eu preciso primeiro conhecê-los”, ressaltou.

A partir das respostas da família a professora escolhe as sugestões de obras e envia uma apostila com o nome, um breve resumo da obra e outras orientações e dicas para os momentos de leitura. 

Biblioteca pode ser enxuta e de boa qualidade

“Para uma biblioteca ser boa, ela não precisa ser grande. Um acervo pequeno, com poucos livros, é mais assertivo ”, indica Seleste. A professora explica que uma grande biblioteca não ajuda necessariamente a formar um leitor, pois talvez as obras não sejam tão atrativas para os pequenos. Obras bem selecionadas para a criança e sua família, podem trazer bons resultados. “Poder compartilhar um momento com o seu filho mediado por boas obras proporciona um ganho não apenas na qualidade literária do que se está lendo, mas também a possibilidade de tornar o filho um leitor”, complementa.

Para Seleste, as crianças só vão se tornar leitores se forem atraídas e tiverem sua atenção captada pelos livros. Por isso, mais do que uma lista fechada de indicações, o processo de curadoria é aberto e pretende mostrar para as famílias caminhos para incentivar a leitura.


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