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Como lidar com conflitos entre mãe e filha?

Esse é um dos relacionamentos mais importantes da vida de uma mulher mas nem sempre é o mais tranquilo

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Ao contrário do que diz o ditado nem todas as mães são iguais, e também nem todas as filhas. Existem mães superprotetoras, mães ausentes, filhas tranquilas, filhas rebeldes… Cada relação possui suas particularidades. Segundo a pesquisa "O relacionamento entre mãe e filha adulta: um estudo descritivo", realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo, esses detalhes são essenciais para a formação da identidade de ambas como mulher. Porém, a convivência transgeracional também está cercada de ambiguidades e conflitos. 

Para a psicóloga Tagma Donelli, professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da Unisinos, os choques existentes entre mães e filhas não diferem tanto de outros relacionamentos familiares. "Espera-se que em algumas fases da vida haja mais conflitos, e com o tempo e o amadurecimento de ambas, eles diminuam", ela explica.

Nas obras que abordam a temática, a ligação entre mães e filhas recebe um tratamento idealizado. Esses relacionamentos são retratados como amizades intensas ou como ódio mútuo. Tagma ressalta que o momento é fundamental. "É importante lembrar que isso é algo esperado na vida adulta. Quando a filha é criança/adolescente, o que se espera é um relacionamento mãe e filha mesmo, pois é do adulto a responsabilidade pela criança, sua segurança e desenvolvimento", ela esclarece.

A adolescência costuma ser um período turbulento. De acordo com a psicóloga, essa época costuma coincidir com a meia idade da mãe. Assim, as necessidades da jovem de ter mais independência e de reconhecer sua identidade como mulher podem entrar em conflito com os questionamentos da genitora sobre a nova fase de sua vida.

Segundo Tagma Donelli, grande parte dos problemas na relação podem ser causados por uma dificuldade de enxergar a outra como uma igual. "Expectativas muito elevadas e dificuldades de ver os filhos como seres separados e com vontade própria podem ser motivo de conflito nessa relação, não apenas entre mãe e filha, mas entre pais e filhos em geral. Alguns conflitos também vêm do fato da filha discordar das escolhas da mãe, ou não perdoá-la por condutas do passado", destaca. 

Quando a situação entre mãe e filha melhora?

Comunicação é a chave para qualquer relacionamento e a empatia é essencial para a resolução de conflitos. Lidar com expectativas exige se colocar no lugar do outro e também refletir sobre o seu próprio papel criando essas idealizações. "Vai de cada dupla estabelecer os limites para uma convivência saudável. Às vezes o afastamento não basta, só acirra o conflito. Deixar claro o que agrada e desagrada e, principalmente, colocar-se no lugar da outra, podem fazer a diferença", explica.

Faz parte do crescimento da filha reconhecer sua mãe como outra mulher, assim como ela, com necessidades, desejos e anseios. Essa atitude é essencial para o amadurecimento da relação. "O primeiro passo, na minha opinião, é se perguntar: quem é minha mãe, quem é essa mulher, em que contextos ela cresceu e quais opções ela teve na vida, como foi a história dela como filha. Isso ajuda a entender melhor nossa mãe", aconselha Tagma. 

Do lado da mãe, é necessário contemplar as diferenças e decisões independentes tomadas pela filha. De acordo com a psicóloga, um dos desafios dessa relação é reconhecer desde cedo a filha como alguém diferente e aceitar que ela não poderá ser protegida de todos os erros que fazem parte da vida.

por Marina Gil

Marina Gil é apaixonada por arte e cultura em todas as suas expressões. É jornalista e adora moda, vinhos e literatura. @aquammarina


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