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Pós-relacionamento: existe amizade entre ex-namorados?

O Bella Mais ouviu uma especialista para entender se é possível desenvolver uma relação de amizade após o término do relacionamento

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Depois de anos ou meses juntos, o relacionamento acabou. E agora? É o momento de cada um seguir com sua vida ou será que é possível fazer do parceiro ou parceira apenas um amigo? Segundo a psicóloga Fernanda Vaz Hartmann, uma relação de amizade pode ser sim construída, mesmo após o término. Ela explica, no entanto, que o nível de envolvimento e complexidade do relacionamento influencia bastante essa decisão. 

Se a relação anterior era tranquila, é mais fácil criar uma amizade. O mesmo não acontece se o namoro ou casamento foi desgastante e marcado por ciúmes e sentimentos de ordem mais impulsiva, como a posse. “Tudo depende do momento de vida das pessoas, porque como namorados, às vezes tu até pode seguir como amigo. Agora, em uma relação mais longa, como o casamento, que existem outras questões após uma separação, como os filhos, às vezes isso é mais complexo e mais difícil”, afirma a psicóloga.

Como construir uma amizade pós-relacionamento?

Para Fernanda, se um casal decide migrar de um relacionamento amoroso para uma amizade, é necessário garantir que se tem duas coisas: maturidade emocional e clareza dos sentimentos. Cada um precisa conhecer bem suas emoções e manter o equilíbrio entre a razão e a emoção. De acordo com a especialista, assim a pessoa será madura o suficiente para, depois do rompimento, conseguir reformatar a relação.

O casal também precisa compreender bem quais sentimentos são a base da nova relação. “Se a pessoa ainda gosta do outro, se tem interesse sexual, é muito difícil migrar para um relacionamento de amizade. Então, a pessoa precisa fazer a leitura do que ela sente, qual é o sentimento de base e se esse isso sustenta uma relação de amizade. Se ela sente que tem mágoa, se sentiu descartada ou que não foi valorizada pelo outro, esse sentimento não vai sustentar uma relação fraterna no futuro”, pontua a especialista.

Ter isso bem claro, é importante para que a nova relação não ajude a alimentar falsas esperanças e o vínculo afetivo com o ex-companheiro não se torne prejudicial, o que pode ocorrer se o sentimento fraterno não for mútuo.

“Se um dos elementos dessa relação ainda nutrir um afeto de base amorosa e/ou sexual, é claro que essa pessoa pode nutrir também a expectativa de reatar. Ela pode aceitar a amizade como uma possibilidade de conseguir reconquistar o outro, então vai ficar ali reinvestindo nessa relação. Isso é bem ruim!”, ressalta Fernanda. 

Nesses casos, se ainda existir um amor romântico ou um desejo, a sugestão da psicóloga é que após o término, o ex-casal não mantenha nenhum tipo de relação. “O casal tem que ter a maturidade de saber que os dois migraram para essa relação fraterna. Não se deve manter essa relação se uma das partes ainda tiver um sentimento em relação ao outro. Ou também quando se observa que essa aproximação, ainda que seja de amizade, acaba atrapalhando o processo de envolvimento com outras pessoas”, reforça a especialista.

Amizade pode ser vista como ameaça por futuros parceiros

Outra questão a se pensar e que foi levantada pela psicóloga, é como essa amizade pode afetar futuros relacionamentos. Fernanda explica que pode ser difícil, para o novo parceiro, ver com “bons olhos” essa aproximação. 

“O casal que se separou pode ter essa tranquilidade de saber que realmente a relação é só de amizade e que não existe risco nenhum de eles voltarem. Mas o outro, que tá se aproximando, não vai enxergar assim, vai ver a incapacidade dessas duas pessoas romperem”, esclare.

Na visão da psicóloga, a relação de amizade entre ex-companheiros pode acabar dificultando sim um novo relacionamento, justamente porque, para além da amizade, os dois já tiveram uma história. Assim, fica difícil para o atual parceiro compreender as transformações da antiga relação que passa a ser vista como uma ameaça.

Por isso, Fernanda aconselha que cada pessoa reflita sobre o relacionamento e como foi esse período de compromisso, antes de decidir manter uma amizade ou não. “Acho que é importante as pessoas entenderem por que essa relação não deu certo. Fazer uma análise disso e ver se manter o ex na sua vida é algo positivo ou não, porque se não deu certo, provavelmente é porque tem elementos ali que podem prejudicar o seu desenvolvimento e evolução”, finaliza Fernanda.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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