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Dinheiro é motivo frequente de brigas entre os casais: saiba como evitar

Pesquisa aponta que 46% dos casais brigam por questões relacionadas às finanças

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Uma pesquisa feita pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CDNL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) junto ao Banco Central, aponta que a cada 100 casais, 46 brigam por questões relacionadas a dinheiro. 25 % deles discordam da forma de  como destinar o dinheiro pra pagar as contas. O tema finanças muitas vezes é considerado um tabu nas relações, em que inclusive, os envolvidos evitam abordar o assunto. 

A economista e professora da Escola de Negócios da PUCRS, Frederike Mette, acredita que isto acontece pela representação social e conotação que o dinheiro pode ter. “Ao mesmo tempo que ter uma vida financeira saudável traz segurança, conforto e uma sensação de poder; a falta de dinheiro tende a gerar sentimentos negativos como vergonha, culpa e medo. Assim, normalmente em um casal, àquele que se sente em desvantagem nesta relação financeira tende a fugir do assunto por esses fatores”, explica.

A psicóloga e terapeuta de casais, Fernanda Vaz Hartmann,  destaca que o cenário de homens e mulheres terem a mesma liberdade para tomar decisões numa relação é algo relativamente novo. Ao longo da história, tínhamos estruturas familiares em que o homem era o provedor e a mulher cuidava da casa. Dessa forma, ele acabava por tomar as decisões a respeito do uso do dinheiro sozinho.

“A questão de homens e mulheres terem poder aquisitivo e tomarem decisões sobre o dinheiro juntos é contemporânea. Por isso, deve ser muito exercitada entre o casal para que aconteça de forma simétrica, ou seja, ambos decidem de maneira igual sobre o uso do investimento”, aponta a psicóloga. 

Como o dinheiro afeta as relações

Fernanda ressalta que, quando namoram, os casais percebem muitas afinidades. Porém, quando começa uma convivência maior, compartilhando responsabilidades e contas, também surgem algumas diferenças. “O centro da questão é a comunicação, como cada um se percebe diante desses investimentos”.

Frederike aponta que, de  forma geral, a situação financeira afeta a nossa vida e nossas relações como um todo, não exclusivamente com casais. E tudo pode ser explicado ou compreendido, pela relação que temos com o dinheiro ou pela relação que fomos educados a ter com ele.

“Ele serve, muitas vezes, como forma de aceitação social, pode representar poder, conquistas, liberdade, segurança e prazer. Da mesma forma que, a falta de dinheiro ou problemas financeiros tendem a gerar sentimentos e comportamentos negativos, como afastamento, ansiedade, inveja, culpa, depressão, pânico, medo, insegurança, entre outros”, destaca a economista. “O dinheiro pode ser percebido e administrado de formas diferentes conforme a idade, o gênero, a classe socioeconômica e o poder político dos indivíduos e grupos. Ele pode afetar com quem nos relacionamos, namoramos e casamos”, complementa.

Individual x compartilhado

Para Fernanda, um casal feliz é o que tem uma noção de compartilhamento muito clara, mas da mesma forma, a individualidade também deve ser compreendida. "Independente da forma de organização, ela precisa ser boa para os dois. Por exemplo, para os investimentos comuns, como imóveis, carro, férias: é preciso que os dois se organizem para fazer reservas para isso. Dessa forma, a individualidade fica preservada: é possível gastar com algo que, mesmo que o cônjuge ache caro, faz parte do que gosto”, explica. “É preciso ter liberdade para este espaço individual, desde que ele não afete o compartilhado”, complementa a psicóloga.

Frederike acredita que não exista um melhor padrão para divisão ou um manual do que possa ser feito para dar mais certo. “O importante é ter diálogo para que a relação do casal não seja afetada emocionalmente pela vida financeira, de forma a tentar achar um ‘equilíbrio’, onde as duas partes se sintam confortáveis”, aponta.

Orçamento financeiro de forma conjunta

É preciso que o casal faça planos sobre a questão financeira. O que deseja para os próximos 3, 10, 20 anos? Quais os objetivos? Vão adquirir patrimônio, fazer viagens, garantir o dinheiro para a educação dos filhos? Nesses casos, podem existir diferentes metas.

“O importante é que esse planejamento seja feito em família, assim todos irão ‘caminhar’ no mesmo sentido. Traçando essas metas, fica mais fácil fazer um orçamento para buscar uma vida financeira saudável no presente e no futuro, é importante sempre buscar essa garantia nos dois horizontes de tempo”, explica Frederike. 

Mas e os gastos individuais? A economista defende que o casal mantenha o orçamento familiar para os gastos e metas comuns, e, se possível, cada um ter o seu orçamento para as despesas pessoais. 

“Eu pensaria na mesma lógica que o empreendedor deve dividir as finanças da empresa e a sua pessoal. O ideal seria o casal buscar fazer essa divisão do que seria da família, em conjunto, e do individual”, finaliza.

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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