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Pandemia trouxe um novo olhar sobre a amizade

O dia de hoje é uma oportunidade para avaliar nossa rede de relacionamentos

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Neste 20 de julho é celebrado o Dia do Amigo! A amizade influencia tanto a saúde física quanto mental. O ser humano, extremamente social, dá muito valor às relações conquistadas ao longo da vida. A pandemia tornou mais restrito o contato físico em diversas situações. Mas é possível manter os laços nesse cenário?

De acordo com a psicóloga Simone Grohs, o distanciamento social tem sido uma oportunidade para que as pessoas percebam a importância das relações em sua vida, a partir do momento em que os encontros presenciais se tornaram mais difíceis e em alguns casos impossíveis. 

“Na maioria das vezes, o ser humano valoriza algo somente quando perde e em parte, isso pode ter acontecido. É claro que a percepção da situação varia de pessoa para pessoa, e depende do quanto cada um tem disposição para ressignificar as suas interações”, aponta.

Qualidade das interações

Além disso, a nova realidade também serviu para que as pessoas dessem um olhar mais aprofundado nos seus relacionamentos. Muitas delas sentiram que as relações ficaram desgastadas. “Podemos nos questionar: será que as relações já estavam deterioradas antes da pandemia e o fato de a pessoa parar para pensar fez com que ela identificasse problemas? Ou realmente houve uma redução na qualidade das interações? Não sabemos ao certo, mas é um importante tema para reflexão”, afirma Simone.

Há relatos de que as pessoas estão conseguindo fazer uma análise sobre as trocas estabelecidas nas relações sociais e selecionando melhor os contatos. Em alguns casos, o afastamento foi natural por falta de conexão e afinidade, outras porque cultivar uma amizade exige cuidado e atenção. 

“E muitas pessoas não estão dispostas a doar-se; querem apenas receber. Esse ‘novo olhar’, portanto, precisa ser de ambas as partes: o que eu estou oferecendo e recebendo? Respeito, confiança, oportunidade de crescimento? A amizade é uma troca genuína desinteressada, em que ambas as partes podem desenvolver-se, sem interesses materiais ou de curtidas”, destaca a psicóloga.

Mantendo os laços

De acordo com Simone, o primeiro passo para estabelecer conexões significativas e mantê-las independente do cenário, é ser amigo de si mesmo. “Ser nosso melhor amigo ou amiga equivale a aceitar as nossas vulnerabilidades, deixar de alimentar pensamentos depreciativos e sempre reconhecer os avanços pessoais, ainda que tímidos. Um amigo diz a verdade, ajuda o outro a desenvolver-se – essa é a postura que precisamos cultivar em relação a nós. Isso aumenta a percepção de segurança psicológica, para interagir com qualidade, respeito e desejo de relações significativas”, defende.

Além disso, é preciso selecionar os contatos: quais são aquelas que vale a pena investir? “Tenha coragem e crie intimidade – amizade é para os fortes. É preciso coragem para abrir o coração, expor as vulnerabilidades pessoais e compartilhar a dor da outra pessoa”, aponta a psicóloga.

“Meu desejo é que as pessoas cansem do distanciamento emocional e afetivo que já viviam desde antes da pandemia, e avaliem a qualidade das suas interações - percebam que amigos sejam aqueles realmente próximos, e não aqueles contabilizados nas redes sociais”, finaliza. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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