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Sororidade: a importância das redes de apoio

Entenda o termo e saiba como ele pode unir as mulheres em prol da cooperação

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Você provavelmente já ouviu falar no termo fraternidade. E em sororidade? Muito se fala no assunto, mas existem muitas pessoas que não sabem o significado real da palavra. Para contextualizar, vamos às etimologias:

Fraternidade: do Latim, frater significa irmão. A palavra em português significa conjunto de irmãos, afeto ou amizade entre homens. É um sinônimo de irmandade. Geralmente grupos de amigos tem essa denominação.

Sororidade: do Latim, soror significa irmãs. A palavra em português significa conjunto de irmãs, afeto ou amizade entre mulheres. Também é um sinônimo de irmandade. Grupos de amigas não se denominavam assim.

A segunda, por ser um termo feminino, não foi popularizada no vocabulário comum. Por isso, o feminismo se apropriou e ressignificou a palavra. Agora, sororidade é um conceito feminista que estimula o apoio entre as mulheres. Segundo a doutora em psicologia Patrícia Gaspar, ela busca auxiliar outras mulheres em seus desafios. “Além disso, respeitar as escolhas de outras mulheres sem julgá-las, cooperar ao invés de competir, empoderar mulheres ao invés de desqualificar, não reforçando estereótipos utilizados para diminuir mulheres”, explica.

Importância das redes de apoio

Histórica e culturalmente as mulheres foram ensinadas a competir entre si. Essa rivalidade foi incentivada durante séculos, pois por serem dependentes de suas famílias e não terem autonomia, elas precisavam se provar melhores que as outras para serem escolhidas e “garantirem” uma boa vida. 

Hoje a realidade não é mais essa, mas a cultura de competição continuou sendo passada e é esse comportamento que o conceito de sororidade busca quebrar - e as redes de apoio tem importante papel. “Não adotar posturas de rivalidade, não competir. Cooperar. Mostrar no seu dia-a-dia que você apoia outras mulheres, mesmo que nem sempre concorde com elas", diz Patrícia. A questão é que é difícil desconstruir um pensamento que nos é passado há tanto tempo.

A empatia pode ajudar nesse processo. “Pense em todos os desafios que você, como mulher, enfrenta no seu dia-a-dia. Tente compreender a outra como você gostaria de ser compreendida. Lembre-se que toda a mulher está vivendo realidades que podem ser muito desafiadoras”, aconselha Patrícia.

As redes de apoio fazem com que as mulheres deixem de julgar e comecem a dar suporte. “Ali aprendemos a não nos xingar de maneira pejorativa, a comemorar a vitória das outras, sem invejar ou tecer comentários que invalidam o mérito e o esforço da colega”, comenta a psicóloga.

Além disso, reforça a importância do posicionamento e da demonstração do descontentamento a respeito de comentários maldosos e machistas, ao invés de ficar calada. “É bonito ver mulheres se apoiando, isso as ajuda a saírem de relacionamentos abusivos, incita coragem para perseguirem seus sonhos, cria autonomia por meio da cooperação”, aponta Patrícia.

Julgamentos ainda são comuns

Com as redes de apoio é possível amplificar a voz das mulheres e expor seus maiores desafios principais como machismo, misoginia e violência. A psicóloga ressalta algumas das pautas onde as mulheres são mais julgadas: a vida doméstica e familiar. “A obrigação da mulher de cuidar de toda a casa enquanto o homem vira ‘herói’ por varrer a casa. Deveríamos ensinar todas as pessoas a limparem a própria louça, independente do gênero”, afirmou.

Além disso, apenas a mulher é fortemente julgada por não se dedicar completamente à família, optar por não ser mãe ou ainda não ser a ‘mãe ideal’. “Cuidar do outro não deveria ser tarefa de um único gênero. Deveríamos ensinar todas as pessoas a serem responsáveis por suas famílias”, complementou Patrícia.

Patrícia defende que precisamos mostrar à sociedade que a mulher pode ser o que ela quiser, que tem livre-arbítrio e pode fazer suas escolhas sem ser julgada. “Precisamos ver mulheres como pessoas. Quando você para de pensar no gênero e começa a pensar no ser humano, fica mais fácil de ser solidário”, considerou.


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