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Como a pandemia influencia os relacionamentos

Casais precisam lidar com a fragilidade emocional do período e ainda a confusão de uma convivência forçadas e integral

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O número de divórcios registrados durante a pandemia tiveram um crescimento notável. Segundo um levantamento do Colégio Notarial do Brasil, o segundo semestre de 2020 teve um aumento de 15% em relação ao mesmo período de 2019. Na história, a média anual dessa variação é de 2%. No Rio Grande do Sul, foi registrado o maior número de divórcios no segundo semestre do ano passado desde 2007, quando o ato começou a ser feito em cartório. 

Foram contabilizadas 3.221 dissoluções matrimoniais, resultado 7% maior que o mesmo período de 2019. Mas o que estaria causando esse desgaste nos relacionamentos e qual a ligação com a pandemia?

A psicóloga e especialista em terapia de casal e familiar, Fernanda Vaz Hartmann, acredita que um dos grandes fatores que influenciaram esses dados é a fragilização emocional que uma pandemia mundial pode causar, o que gera uma dificuldade das pessoas para lidarem umas com as outras.

Outro ponto que Fernanda destaca é que existem “fronteiras nítidas” em um relacionamento. “O que é individual, como o trabalho, e o que é conjugal, como a família. E elas se tornaram difusas com a convivência em casa, que acabou fundindo vida social e privada. Tudo se misturou”, comenta a psicóloga.

Rotina se torna problema

Além disso, problemas que não eram percebidos, como o tratamento e a convivência com os filhos, para aqueles casais que têm, acabaram se intensificando com o aumento do convívio no dia-a-dia. “E a falta de diálogo, por achar que a outra pessoa tem obrigação de saber o que está acontecendo, acaba desgastando ainda mais a relação”, complementa Fernanda.

Mais um entre os principais motivos que a psicóloga ressalta é o desequilíbrio nas obrigações, a sobrecarga de apenas um dos envolvidos. Essa reclamação geralmente parte das mulheres, pois elas ficam encarregadas da responsabilidade com a casa e os filhos, além do próprio emprego. “Na maioria das vezes, senão em todas, isso acontece devido à criação machista que ambos receberam e balancear essas tarefas pode melhorar, e muito, a relação”, aponta.

Como manter a relação saudável?

De acordo com Fernanda, o diálogo, muito presente no início dos relacionamentos, se transforma em discussão quando as pessoas vão morar juntas. E com a pandemia, as brigas, que acabavam se dissipando ao longo do dia, estão presentes constantemente. Comunicação é a dica da psicóloga para que os casais evitem a separação. “Não apenas falar, mas escutar, que é um exercício mais difícil, que exige reflexão, e contra-argumentar, sem deixar a outra pessoa terminar de falar, é quase um reflexo. Esse é o principal benefício e também o objetivo da terapia de casal”, orienta a profissional.

Segundo ela, o consultório é um lugar onde as duas partes conseguem falar, escutar de maneira empática e contam com um mediador para fazer a mensagem ser compreendida plenamente, evitando conflitos, na maioria das vezes. Além disso, propõe dinâmicas para dar prioridade para o casal.

“Criar um tempo para se dedicar ao casamento é fundamental, pois quando eu quero conquistar um corpo mais saudável, eu tenho o horário da academia.  Com o casamento não é diferente, ele não sobrevive sozinho. Isso é um mito do amor romântico”, finaliza.


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