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A importância da relação entre avós e netos

A pandemia trouxe um novo novo olhar para o convívio entre as gerações

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A relação entre avós e netos é um dos laços mais especiais existentes ao longo da vida. E hoje, Dia dos Avós, é aquela data que nos traz a reflexão sobre a importância dessa convivência e os benefícios para ambos os lados.

O psiquiatra, psicanalista e professor da Escola de Medicina da PUCRS, Alfredo Cataldo Neto, destaca que ser um avô ou avó é ter uma “segunda chance” de paternidade ou maternidade. “É corrigir, fazer melhor, com experiência e com mais amor no cuidado e no afeto do que conseguimos quando pai ou mãe”, afirma. “Um neto é uma nova esperança de vida de um futuro melhor para toda uma família.  Estar próximo desse ser traz uma grande energia de vida para um idoso que começa a se deparar com sua própria finitude”, complementa.

Não necessariamente vinculada à velhice, a condição de avô ou avó é frequentemente associada a esta. “Das pessoas com mais de 65 anos de idade, mais de 90% das que têm filhos também são avós e desses, uma outra parcela menor, são bisavós.  Essa situação modifica a configuração familiar, na medida em que ocorrem novos laços de parentesco e relacionamento interpessoal”, aponta Neto.

Já para as crianças, a presença dos avós representa um papel moderador nas relações entre pais e filhos.  “Forma-se um triângulo de poder, cuidado, amor e responsabilidade. Uma criança que pode contar com pais e mais avós tem ao seu redor um grupo de apoio que irá ajudá-la em seu pleno desenvolvimento”, explica o professor.     

O profissional conta que, a partir da sua experiência, frequentemente escuta histórias muito bem sucedidas de avós que ajudaram muito seus netos em especial pela presença, cuidado e exemplo.  “As lembranças são de ‘estar junto ou fazer junto’. Aquela receita que só uma avó sabe fazer e que passa de geração em geração. O amor ao clube de futebol e as experiências que ficam em uma primeira ida ao estádio com o avô, e assim por diante”, relata.  

A pandemia e a distância

A pandemia e a orientação pelo isolamento social alterou a relação entre muitos avós e netos. Os idosos, pertencentes ao grupo de risco, tiveram de se afastar do convívio físico de muitos familiares - inclusive dos netos. 

“Esse afastamento trouxe sentimento de solidão, saudades, depressão, ansiedade e temor de morte pelo desaparecimento do avô ou da avó, em especial em crianças pequenas sem condições de entender que essa separação é por um período determinado por essa pandemia mundial”, aponta Neto. “Já pelo lado dos avós, não poder abraçar, beijar os netos leva a muita angústia e mesmo depressão. Somos gregários, precisamos do toque, do abraço, do beijo para vivermos melhor”, complementa.

Novas formas de afeto

Apesar de toda a preocupação e saudade, a distância proporcionada pela pandemia também tem sido uma oportunidade de aprendizado para os avós. Geralmente este público não é próximo da tecnologia. Porém, no último ano, ela foi a alternativa para manter o contato com os netos e demais familiares.

“Telefonemas, comunicação via whatsapp e aplicativos de chamada de vídeo foram a alternativa para aproximar o contato, pelo menos, via imagem. Ver os avós e netos, mesmo que estejam distantes, mantém eles próximos e ‘aquece o coração’”, destaca o professor. 

Para Neto, a pandemia trouxe um novo novo olhar sobre a relação entre avós e netos, no sentido de reforçar ainda mais a sua importância. “Nunca sentimos tanto a falta das pessoas e do contato. E é na falta que o ser humano valoriza mais o que tem. E isso aconteceu também nesta relação, em especial”, aponta. 

A vacina trouxe esperança e também possibilitou a retomada da convivência física, com todos os cuidados necessários, depois de um longo período de distância. “A pandemia gerou naturalmente uma grande preocupação com os avós, fazendo com que as famílias tentassem proteger ao máximo seus progenitores. As vacinas são a nossa esperança para a retomada desta importante relação. Um avô ou uma avó pode fazer muito pelo seus netos através do exemplo, afeto, cuidado e amor”, finaliza o professor.

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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