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Brasileiras não se identificam com maternidade mostrada por influenciadoras

70% das brasileiras sentem que sua experiência com a maternidade é muito diferente daquela que aparece nas redes sociais

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A internet está cheia de perfis que falam para diferentes públicos. Existem influenciadores de todos os nichos e com a maternidade não é diferente. Mas será que a realidade mostrada pelas mamães que são digital influencers é a mesma vivida por outras mulheres que não expõe suas vidas online? Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo portal Trocando Fraldas, não. 

O estudo revelou que 70% das brasileiras não se identificam com a maternidade que é mostrada pelas influenciadoras na internet. Nós questionamos a psicóloga e nossa colunista Arieli Groff sobre essa diferença entre a maternidade real e aquela que aparece nas redes sociais.

A maternidade na internet parece “mais fácil”

Segundo explica Arieli, a maternidade ainda é algo muito romantizado - não só na internet - e existem também vários tabus em relação à ela. A psicóloga destaca que a sociedade em que vivemos não está preparada para acolher a mulher grávida e seus sentimentos. Dessa forma, tendemos a julgar as mães e dar conselhos, no lugar de empatizar e acolher. 

Por isso, muitas delas acabam não compartilhando suas experiências. Conforme a pesquisa, 70% das mulheres não falam sobre as dificuldades da gestação com terceiros. Nesse sentido, as influenciadoras digitais desempenhariam um papel importante. 

“Muitas mulheres se veem solitárias em suas jornadas maternais, sem rede de apoio, seja paga ou voluntária. Dessa forma, por mais que algumas influenciadoras compartilhem aquilo que não ninguém fala, também expressam uma realidade percebida por muitas mulheres como privilegiada, ‘mais fácil’, e distante da realidade delas, podendo inclusive aumentar a sensação de solidão e inadequação”, esclarece Arieli.

A especialista ressalta, no entanto, que as influenciadoras também são mães e passam por dificuldades semelhantes àquelas enfrentadas pelas mulheres fora da internet. A diferença, porém, é o que é exposto por elas nas redes sociais. “Há uma grande chance de muitas influenciadoras passarem por sentimentos e reações comuns a grande maioria das mulheres, a questão é que rede social é um recorte de vida, uma edição dos melhores momentos que cada uma escolhe compartilhar, e no momento em que se compara o seu bastidor com o palco das outras, isso pode ser bastante injusto e cruel consigo mesma”, explica.

Comparações podem ser perigosas

Muitas mulheres, além de não se identificarem com a maternidade na internet, comparam as suas experiências com aquelas que são mostradas pelas influenciadoras. Isso, segundo a pesquisa da Trocando Fraldas, faz com que 40% delas sintam-se mal em relação a sua própria realidade, que parece ser menos perfeita e feliz. “Cada uma compartilha a sua realidade, ou pedaços dela que escolhe mostrar. Comparar a própria realidade com a de outras mulheres pode ser bastante perigoso. Mais do que a forma como mostram, que pode sim ser uma visão editada da vida real, é importante estar atenta a como isso mobiliza e afeta cada mulher, que vive seus próprios medos e sentimentos”, alerta Arieli. 

Para a psicóloga, é necessário, também, estar atenta ao conteúdo consumido. “Nem toda influenciadora fala para toda mulher, tem uma questão de identificação, posicionamento. Algumas mulheres vão se identificar com uma influenciadora e outras não, e tudo bem! Especialmente em um período por si só já é tão mobilizador que é a gestação e a maternidade, é importante escolher com gentileza e empatia por si mesma quais conteúdos irá consumir, de forma que possam agregar e fazer sentido”, finaliza.


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