capa

Existe o momento certo para deixar de amamentar?

O leite materno protege a criança e tem muitos benefícios nutricionais

publicidade

Entramos no “Agosto Dourado”, mês dedicado à conscientização sobre a importância da amamentação. A Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida do bebê e complementar a alimentação até os dois anos ou mais. Uma das principais dúvidas das mães a respeito é: quando parar de amamentar?

De acordo com a médica neonatologista do Hospital Moinhos de Vento, Mariana González de Oliveira, a amamentação pode ser mantida enquanto a mãe e a criança desejarem. “O período mínimo seria de dois anos, sendo os primeiros seis meses, idealmente, de forma exclusiva. Isso não quer dizer que após os dois anos haja indicação de interromper”, explica. 

Os benefícios do leite materno são mais importantes no início, tanto do ponto de vista nutricional — uma vez que deve ser a alimentação exclusiva do bebê —, quanto imunológico, pois as defesas do recém-nascido ainda estão se formando. “No entanto, há vários estudos mostrando que os benefícios do aleitamento materno são proporcionais ao tempo de amamentação e ao volume recebido”, aponta Mariana. 

Segundo a médica, há vantagens em manter a amamentação após os dois anos, como por exemplo, a oportunidade de continuar recebendo um alimento cujo valor vai muito além do nutricional. “Se a mãe e a criança estiverem confortáveis em manter a amamentação, não há desvantagens em manter após o período”, destaca. 

Como conduzir o desmame

Um dos temores das mães em relação a parar de amamentar é uma possível “quebra de vínculo” com a criança, uma vez que o processo é fortalecido através da amamentação. Porém, Mariana ressalta que este vínculo não é, exclusivamente, criado por este momento.

“A importância do olhar amoroso, do contato, da voz, são enormes para o estabelecimento do vínculo. É através desse olhar que o bebê começa a se perceber como indivíduo no mundo, separado da mãe. Qualquer interação que propicie essas ações — o olhar, o toque, a presença — fortalece os vínculos entre mãe e filho, tanto que mães impossibilitadas de amamentar estabelecem o vínculo normalmente”, explica a médica.

Para Mariana, o momento ideal para o desmame é aquele em que a mãe e a criança decidem que estão confortáveis para interromper a amamentação. “A melhor forma de conduzir o desmame é quando a mãe se sentir segura. Contar com o apoio do pediatra no processo para esclarecer dúvidas e fortalecer a mãe nos momentos de dificuldades é muito importante. Também deve-se conversar com a criança, explicando o momento e reforçando que a ligação e o amor permanecem firmes e fortes”, orienta.

Covid-19: anticorpos através da vacina

Outra dúvida comum, principalmente para quem se tornou mãe no último ano, é em relação à vacina contra a Covid-19. Mulheres que estão amamentando não só podem, como é fortemente recomendado que se vacinem. Inclusive, são consideradas prioridade no Programa Nacional de Imunizações. 

Mães que amamentam protegem a si mesmas e aos filhos com a vacinação. Isto porque, como todas as vacinas e processos infecciosos em que a mãe cria anticorpos, esses passam pelo leite materno. “Isso é o que traduz a importância imunológica do leite materno: a capacidade de modular a resposta do recém-nascido a germes com os quais nunca entrou em contato. Esse benefício é maior ainda nos primeiros dias após o parto”, destaca Mariana.

O colostro, primeiro produto das glândulas mamárias, tem uma concentração ainda maior de células de defesa que passam diretamente do organismo da mãe para o leite que vai proteger o bebê. Porém, o processo de proteção vale a qualquer momento: tanto para quem toma a vacina durante a gravidez e também para as mulheres que se imunizam já durante o processo de amamentação.

As gestantes devem tomar a vacina recomendada, de preferência ainda durante a gestação. Se não for possível, assim que puderem, as puérperas e lactantes devem se vacinar. “Especialmente enquanto ainda não tivermos vacinas para crianças e recém-nascidos, a mãe pode oferecer essa proteção através do seu leite. Não falei que o leite materno é muito mais do que nutrição? Poder proteger o seu bebê de infecções potencialmente graves com o leite produzido pelo seu corpo é praticamente um superpoder!”, enfatiza a médica. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


compartilhe