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Depressão entre grávidas aumenta

Pandemia e incertezas quanto ao futuro preocupam as mamães e podem trazer riscos para a gestação

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Um estudo feito pela Universidade de Calgary, no Canadá, mostra um aumento nos casos de depressão entre grávidas durante a pandemia do coronavírus. De acordo com os dados do levantamento, 37% das mulheres entrevistadas apresentaram sintomas de depressão - que costumam afetar entre 10 e 25% das gestantes, apenas. Além disso, 57% relataram sintomas clinicamente relevantes de ansiedade.

Segundo o estudo, os números são reflexo da preocupação com as ameaças da Covid-19 para mãe e bebê desde o pré-natal até a questão do isolamento social. A psicóloga Jucieli Oliveira Gomes, que trabalha com prática no acompanhamento de gestantes, relata que percebe este aumento no seu contexto de atendimento. “Isso se dá muito pela diminuição do contato com rede de apoio, afinal o isolamento fez com que muitas famílias tivessem que se afastar, fazendo com que a gestante passasse a ficar sozinha”, analisa Jucieli. 

A profissional ressalta que a gestação por si só é um momento em que a mulher está mais emotiva e precisa de mais proximidade e cuidado de seus familiares, por isso, a pandemia tem afetado muitas gestantes. “Outra questão é a incerteza e insegurança em relação ao momento do parto e ao pós parto, o que pode gerar medo, ansiedade e angústia, deixando assim a futura mamãe com mais tendência a desenvolver depressão”, afirma.

O levantamento feito no Canadá também aponta que 89% das participantes tiveram de fazer alterações no pré-natal por conta da pandemia. Confira as principais mudanças relatadas:

- Cancelamento de consultas - 36%
- Impossibilidade de levar acompanhante nas mesmas - 90%
- Alteração no local do parto - 11%
- Mudança na escolha das pessoas de apoio - 25%
- Arranjos de cuidados infantis - 11%
- Problemas de acesso a outros serviços de saúde durante a gravidez - 74%

 

Efeitos da depressão na gravidez

De acordo com Jucieli, os principais efeitos da depressão na gravidez se dão no desenvolvimento de vínculo desta mãe com seu bebê, estudos mostram que isso pode interferir em todos os aspectos do desenvolvimento do feto e depois que nascer. “Nós, seres humanos precisamos do apego seguro para nos desenvolvermos bem. Uma mãe deprimida provavelmente terá dificuldade de vincular-se com seu filho e isso pode trazer as mais diversas dificuldades para esta relação tão importante. Uma gestante com depressão precisa ser acompanhada e tratada de modo multidisciplinar e contar com apoio de sua família”, alerta.

A psicóloga reforça que buscar informação e conhecimento é a melhor forma de se preparar, em meio a uma pandemia ou não. “A gestação é um período desafiador para a vida da mulher: a bomba hormonal que o corpo se torna, a instabilidade de humor, as dores do corpo mudando, a privação de sono... E agora, isso tudo em um período de incerteza e insegurança. Por isso, esta nova mãe precisa estar segura e confiante de que saberá lidar com a chegada do seu bebê e que terá apoio e cuidado sempre que precisar”, destaca.

Além disso, o autocuidado e o pré-natal psicológico, além daquele com obstetra, podem auxiliar a preparar a gestante. “Assim ela poderá aproveitar sua gestação com mais tranquilidade e se preparar para chegada do seu bebê estando mais confiante de que saberá cuidar do seu filho”, finaliza a profissional.

 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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