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Relacionamentos

Natal em família: é possível retomar laços familiares após desentendimentos?

Especialista explica o que é necessário para restabelecer uma boa convivência diante de discordâncias de pensamentos ou outras questões

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Atire a primeira pedra quem não teve sequer um momento de discordância com algum familiar em 2022. O ano foi marcado novamente por um cenário de polarização e ânimos acirrados, principalmente devido a questões políticas e foi praticamente impossível evitar que o tema não chegasse às reuniões de família. O que, em muitos casos, provocou desentendimentos, brigas e afastamentos.

Será possível, porém, aproveitar o clima de final de ano para fazer as pazes, retomar os laços e aproveitar o natal em família? O Bella Mais conversou com uma especialista para entender. 

Convivência depende da maturidade dos envolvidos

Em primeiro lugar, a psicóloga Cristina Wendt esclarece que os laços familiares não se desfazem devido às discordâncias, sejam por posicionamentos políticos diferentes ou outros tipos de conflitos. O que ocorre é uma mudança no grau de convivência. Divergências em relação ao conjunto de valores de cada um podem resultar em afastamentos, por exemplo.

“Partindo do pressuposto que cada pessoa manifesta seu posicionamento político a partir do seu conjunto de valores, ou seja, daquilo que acredita e preza na vida, conviver com pessoas que tenham valores opostos é um grande desafio, muitas vezes de difícil transposição, mesmo quando haja laços familiares. Assim, a retomada das relações familiares irá depender da intensidade das divergências que levaram a esse afastamento”, afirma a psicóloga. 

Ou seja, sim, dá para fazer as pazes e retomar o relacionamento com os parentes, mas há condições para que isso aconteça. “A retomada dessa convivência é possível sempre que dentro de um contexto de respeito, em que, por exemplo, podem ocorrer combinações de que temas polêmicos não sejam abordados nos encontros de família, mas sem dúvida essa é uma estratégia frágil. Nesse sentido, a qualidade da convivência irá depender da maturidade emocional das pessoas envolvidas”, esclarece Cristina.

Ela sugere que um dos caminhos para a retomada das relações é que os familiares mantenham conversas direcionadas para os aspectos daquilo que os une como família, e não daquilo que os afasta. A partir desse ponto, todos devem assumir um compromisso mútuo de respeito, evitando comentários, falas e indiretas sobre o tema em questão, durante as reuniões familiares.

Cortar relações pode ser saudável?

Cortar relações é uma das formas de lidar com as diferenças de pensamento, no entanto, como é uma medida mais extrema, é indicada para casos em que há um alto grau de antagonismo e prejuízo entre os envolvidos. 

“O tipo de pensamento e posicionamento reflete o conjunto de valores éticos e morais de cada pessoa e, quando estes estão em pólos opostos, de fato a convivência pode se tornar insuportável, causando mais danos do que benefícios. Cortar relações, neste caso, pode ser a solução mais saudável, caso tenham ocorrido situações-limite para a continuidade da boa convivência”, salienta a profissional.

Ela comenta que nesses casos, o afastamento temporário ou definitivo pode ser compreendido como uma forma de manejo em meio à crise no núcleo familiar. Vale lembrar também, que situações de discordâncias podem ser exercícios para aprender a lidar com as diferenças e praticar a tolerância - algo muito importante para a manutenção do convívio social - e necessário dentro do núcleo familiar, em que o convívio é constante.

“Conviver com pessoas diferentes é um primícia social, da mesma forma, administrar conflitos é o que fazemos em maior ou menor escala diariamente. Pessoas que possuem dificuldade nestas habilidades sociais certamente enfrentam grandes desafios para conviver em sociedade. Reforço, temos que respeitar as diferenças, mas saliento também que a obrigatoriedade da convivência não existe. Todos somos livres para elegermos as nossas amizades, locais de trabalho, e o grau de convívio com familiares”, conclui Cristina.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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