Estudo aponta assédio como principal violência sofrida por mulheres no ambiente virtual
Metade dos casos envolve recebimento de mensagens não consensuais com conteúdo de conotação sexual
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A violência contra mulheres e meninas ganha espaço também no ambiente virtual, reproduzindo os comportamentos que já são rotina nas interações sociais presenciais. Um estudo feito pelo Instituto Avon em conjunto com a Decode aponta que a principal violência que mulheres e meninas sofrem em ambientes digitais é o assédio nas interações virtuais (38%) e, na sequência, as ameaças de vazamento de imagens íntimas (24%). Este resultado corresponde ao período entre julho de 2020 e fevereiro de 2021, quando estavam em vigor as medidas de isolamento social e de fechamento de espaços.
A pesquisa ainda aponta que metade dos casos de assédio envolve recebimento de mensagens não consensuais com conteúdo de conotação sexual. Além disso, foi relatado o envio de fotos íntimas e comentários de ódio contra as mulheres. Ex-companheiros são ligados a 84% dos relatos de stalking, que são casos de perseguição praticada em meios digitais.
Formas de violência no ambiente digital
De acordo com o levantamento, existem três formas de propagação de violência no ambiente digital: a descentralizada, que é a violência cometida diariamente contra mulheres e meninas; a ordenada, que ocorre a partir de grupos organizados de ataques, humilhações e exposições e a que resulta do ato de compartilhar conteúdos íntimos sem o consentimento ou a autorização dos envolvidos.
Para investigar a violência de gênero na internet, o estudo analisou mais de 286 mil vídeos, 154 mil menções, comentários e reações na forma de curtidas, compartilhamentos e repercussões que ocorreram em ambientes digitais, e mais de 164 mil postagens de notícias sobre o tema.
Os pesquisadores observaram que as formas mais comuns de propagação de violências contra meninas e mulheres na internet são o assédio, o vazamento de nudes, a perseguição/stalking e o registro de imagens sem consentimento.
Consequências psicológicas
Ainda de acordo com a pesquisa, o resultado emocional e psicológico das violações virtuais tem consequências que ultrapassam as barreiras digitais. Elas restringem a liberdade e o acesso de mulheres e meninas.
O medo de sair de casa foi apontado por 35% das vítimas, e mais de 30% relataram efeitos psicológicos sérios, como adoecimento psíquico, isolamento social e pensamentos suicidas. O estudo mostrou ainda que 21% delas excluíram suas contas nas redes sociais.