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Dia da Mulher: impactos e aprendizados da pandemia sobre elas

Em meio a tantas incertezas, confira como as mudanças afetaram as mulheres

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Os últimos meses foram um grande desafio para toda a população. Não existe quem não tenha sido atingido ou não tenha enfrentando alguma adversidade por conta da pandemia de Covid-19. Entretanto, não é exagero dizer que as mulheres, em especial, sofreram impactos significativos. Os números apontam esta realidade. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), calculada pelo IBGE, revela que 8,5 milhões de mulheres ficaram fora do mercado de trabalho no terceiro trimestre de 2020. Já um estudo realizado pela organização de mídia Gênero e Número mostra que metade das brasileiras passou a cuidar de alguém durante a pandemia de Covid-19. Além disso, 41% das mulheres com emprego afirmam estar trabalhando mais do que antes.

Neste Dia da Mulher, pedimos licença para nos apropriarmos da afirmação de Simone de Beauvoir: “Nunca se esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda a sua vida”. Ouvimos especialistas e convidamos nossas colunistas para falar sobre a data, que vem com novos significados e cheia de aprendizados nesse 2021 tão peculiar.

Distanciamento social afetou mais as mulheres

Diante deste cenário, a psicóloga Patricia Mello acredita que certamente as mulheres sentiram e sentirão os efeitos do isolamento social de maneira diferente. Em uma cultura machista como a que vivemos, em que certas questões são inerentemente diferentes entre gêneros (machismo estrutural), a mulher será e se sentirá impelida e responsável por manejar as situações desafiadoras mais do que o homem. 

“Em casa, é ela que ficará com a responsabilidade de cuidar da educação dos filhos, de verificar as tarefas de casa, de ligar o computador e monitorar a internet nas aulas online. Não que o pai não possa fazer, mas ele não se sentirá naturalmente responsável por isso”, afirma. A colunista de maternidade do Bella Mais, Camila Saccomori, faz coro. "Há muito estamos sobrecarregadas, não é novidade para nós. Então, gostaria que tivéssemos mais equidade entre os gêneros e que as empresas, por exemplo, entendessem que as mães nem sempre tem uma rede de apoio para ficar com seus filhos. Precisamos desse olhar".

Aspecto profissional preocupa

De acordo com uma pesquisa do IPEA, mulheres dedicam até 25 horas semanais aos trabalhos domésticos enquanto os homens dedicam 10 horas. Durante o último ano, obviamente, este cenário se polarizou ainda mais. O home office virou uma realidade, mas qual o ganho de trabalhar em casa, se a casa também é seu trabalho?

Para a psicóloga Patricia Mello, justamente por estar acumulando muito mais trabalho do que os homens na mesma época, as mulheres podem acabar por adiar certas metas de produtividade profissional e carreira. “Diferente do que o homem costuma fazer, que é priorizar o que lhe interessa, por entender que sua responsabilidade é consigo mesmo, a mulher foi educada a entender que é responsável por si, pelos filhos, pela família, ou seja, pelo outro antes dela mesma. Isso faz com que as ambições profissionais fiquem em segundo plano”, aponta a psicóloga.

De acordo com ela, neste momento, a união se torna ainda mais importante. “Coletivamente, as mulheres podem criar grupos para estimularem umas às outras a ficarem vigilantes sobre o machismo estrutural e podem empoderar umas às outras criando estratégias para lidar com esses problemas”, indica Patricia. 

Nossa colunista de moda, Patrícia Souza, compartilha dessa opinião: “nós estamos vivendo uma ressignificação em todos os âmbitos da nossa vida, que nos fez pensar muito mais e atuar no coletivo e principalmente valorizar o que faz sentido para cada uma de nós". Assim, te convidamos a apoiar outras mulheres, por exemplo, consumindo ou divulgando os negócios comandados por elas.

Novos aprendizados pela frente

Ainda falando sobre empreendedorismo e negócios, nossa colunista Patrícia Chiela, lembra que o último ano foi de dedicação total para quem empreende. "Tivemos que dosar quanto de vida íamos entregar para o nosso negócio e isso fez com que a gente tivesse que olhar mais de perto para aquilo que escolhemos como carreira. Nunca teve que fazer tanto sentido! Quem chegou até aqui com essa certeza tem muito pra evoluir este ano”, diz ela.

Esse olhar interno, para aquilo que é realmente importante, também é o grande aprendizado da nossa colunista de gastronomia Sabrina Rolim. "Que mulher neste último ano não olhou pra dentro? Que não reavaliou, olhou pra dentro da casa, das relações e principalmente pra dentro de si mesma? Vendo tudo isso, percebemos que precisamos estar inteiras para dar conta do recado e equilibrar todos estes ‘pratinhos’ que temos no dia a dia".

Celebrar é preciso

E no meio de tantas dificuldades, há que se ter espaços para celebração. Nossa colunista de moda sustentável, Madeleine Muller, lembra que "precisamos celebrar as mulheres que vieram antes de nós e que prepararam o caminho para a nossa geração. E temos que celebrar também as que virão, que irão percorrer os caminhos que nós pavimentarmos".

Definitivamente em 2021, a comemoração é outra. “O que temos a comemorar hoje? A vida. Estarmos vivas, com energia, saúde, resiliência para seguir em frente, nos adaptarmos ao novo momento e as novas necessidades, nos reinventando sempre na nossa vida pessoal e profissional" finaliza Laura Gluer, nossa colunista de café.

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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