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Pesquisa mostra que 77% das mulheres se sentem inseguras nas paradas de ônibus

Pesquisa realizada pela Think Olga e pela ASK-AR mostra as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres na espera pelo transporte público

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Milhares de mulheres brasileiras sentem diariamente um frio na espinha, o sobressalto de aguardar o transporte coletivo nas paradas das grandes cidades. Estejam elas sozinhas no ponto, quando surge o temor de serem surpreendidas por alguém ou abordada por um carro; estejam elas na companhia de estranhos, quando aí o medo é de assalto ou abuso ali mesmo. O fato é que as paradas de ônibus são locais de insegurança e palco de muitas histórias de violência e abuso para as mulheres.

Foi exatamente isso que a pesquisa "Meu Ponto Seguro", realizada pela Think Olga e pela ASK-AR, mostrou. Oito em cada dez mulheres que responderam ao levantamento afirmam que já se sentiram inseguras ao esperar transporte público em um ponto de ônibus na cidade em que moram. No total, 417 mulheres de 25 estados brasileiros mais o Distrito Federal responderam ao questionário.

Iluminação ruim (70%) e a presença de poucas pessoas ou mesmo ninguem (73%) são fatores que aumentam a sensação de insegurança das mulheres. Outro fato que chama a atenção é que 68% delas se sentem inseguras já no trajeto até a ponto. Ou seja, não basta cuidarmos das paradas em si, é preciso iluminar melhor as ruas - e ter mais gente circulando pelas cidades.

A pesquisa pediu ainda que as mulheres relatassem situações de vulnerabilidade: 39% delas contaram experiências de assalto e 29% de importunação sexual. “Já fui assaltada e assediada verbalmente nesta parada. Quando preciso voltar de ônibus e já está muito tarde, tenho que ir correndo da minha parada até em casa”, relatou uma moradora de Belém.

 

Na falta de medidas do Estado, elas encontram soluções

A pesquisa apontou ainda que para fugir da sensação de constrangimento, insegurança e medo, as mulheres costumam ter suas próprias estratégias - uma mostra clara da falta de estrutura das cidades. Das entrevistadas, 38% disse já ter pego um ônibus errado para fugir de uma situação de risco, 27% delas já saiu correndo, 15% já pediu ajuda para estranhos e 12% enfrentou o assediador. “Já teve outro local que um homem começou se masturbar do meu lado às 6h da manhã! Foi uma situação horrível, mas reagi e dei várias bolsadas nele”, relatou uma moradora da cidade de São Paulo.

A falta de medidas que ajudem a proteger as mulheres, especialmente à noite ou no nício da manhã, quando os deslacamento são necessários para idas ao trabalho ou escola e o movimento é menor, faz com que 15% delas evitem as paradas de ônibus e 8% fiquem escondidas. Para ver todos os dados da pesquisa e os depoimentos, acesse.

 

por Fabiane Madeira

@fabianemadeira é apaixonada por comida, mas vira e mexe briga com a balança. Adora cinema, mas não é cinéfila. É empresária, dinda e tia babona. É editora do Bella Mais e gremista desde sempre.


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