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Após adoções, cresce em 70% número de animais abandonados

A companhia dos bichinhos foi uma alternativa encontrada para diminuir a solidão da quarentena

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Você pensou em adotar um animal durante a pandemia? Com a suspensão das atividades presenciais e depois de alguns meses em casa, muitas famílias sentiram a necessidade de ter um animalzinho para fazer companhia principalmente para as crianças, que passaram a se sentir muito sozinhas. 

Foi então que os pets se tornaram uma opção para mudar um pouco a rotina. Nos meses de abril e maio do ano passado, as organizações não governamentais (Ongs) e associações protetoras de animais perceberam um aumento de até 50% no número de adoções de animais.

Mas o prolongamento da pandemia,a piora das condições socioeconômicas, a crise financeira e o desemprego, contribuíram também para que muitos animais domésticos fossem abandonados.

Uma pesquisa realizada pela ONG Ampara Animal, revela que entre julho de 2020 a fevereiro de 2021, o crescimento no abandono de animais foi de 70%. Esse levantamento foi feito com pelo menos 530 instituições e protetores independentes de todo o Brasil.  

Causas do abandono

Segundo Rosângela Gebara, médica veterinária e gerente de projetos da ONG Ampara Animal, muitas pessoas adotaram por impulso e depois de algum tempo, quiseram devolver ou até mesmo abandonar esses animais.

“Antes de querer ter um pet a pessoa precisa estar preparada para isso, para ser responsável por ele para o resto da vida. Nós nos preocupamos com esse boom de adoções na quarentena porque as pessoas adotaram os bichinhos sem observar essas questões e depois não quiseram mais ficar com os animais. Além disso, muitos brasileiros perderam seus empregos ou precisaram mudar de casa e não tiveram condições de cuidar dos animais que haviam adotado”, revela.

O retorno de algumas atividades presenciais e o medo de que os bichos transmitissem o coronavírus para os humanos também foram causas do aumento do abandono.

“Não existe nenhuma comprovação científica da transmissão do vírus para humanos. Até hoje, nos casos em que os animais testaram positivo, os tutores tiveram covid, então, por esse convívio muito próximo, o animal acaba apresentando o vírus no organismo. Por isso as pessoas têm que ter noção de que testar positivo não significa que o animal ficou doente e muito menos que ele vai transmitir para outros animais ou pras pessoas.” esclarece a presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado (CRMVRS), Lisandra Dornelles. 

Animais de rua são um risco à saúde pública

Além da preocupação com a saúde e o bem-estar dos próprios bichinhos, o abandono também é um questão de saúde pública, pois animais abandonados não possuem acompanhamento médico veterinário e não recebem vacinas e cuidados. Isso pode contribuir com o surgimento de doenças entre esses animais e também em humanos.

“Por volta de 80% das doenças que nos acometem, são zoonoses. Ou seja, são doenças transmitidas por animais, como a raiva, a leptospirose e a leishmaniose. Essas patologias são bastante sérias e podem ser transmitidas por um animal solto na rua.” explica Lisandra.

Para tentar reverter o quadro de abandono, foi sancionada, em setembro do ano passado, a lei federal 14.064/2020 que, além de prever multa e proibição da guarda, aumenta a punição para quem abandona ou pratica maus tratos contra cães e gatos. Mas para que a legislação seja cumprida, casos de abandono devem ser denunciados. Isso deve ser feito na Delegacia de Polícia mais próxima ou através  do número 181 ou ainda, no órgão responsável da sua cidade.


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