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Alopecia: como a doença afeta a autoestima das mulheres

O problema de saúde da esposa de Will Smith virou uns dos principais assuntos do Oscar 2022

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A cerimônia do Oscar, maior premiação do cinema mundial, que foi realizada neste domingo, ficou marcada pela polêmica do tapa que o ator Will Smith deu em Chris Rock, após uma piada de mal gosto falando sobre a cabeça raspada de sua mulher, Jada Pinket Smith, que passou a perder o cabelo por conta da alopecia. 

A queda de cabelo em mulheres é um problema mais comum do que se imagina. Segundo a Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTr), a procura por consultas por conta do problema aumentou 90% nos últimos meses. “A boa notícia é que existem diversos tratamentos capazes de reverter o quadro quando a calvície é provocada por alopecia”, explica Patricia Marques, cirurgiã plástica especialista em tricologia.

Como é o diagnóstico

O diagnóstico é feito com exames clínicos e laboratoriais. O mais importante deles, que determina o tipo de alopecia, é a tricoscopia, feito com uma lente especial que mostra em detalhes a camada superficial da pele do couro cabeludo, além de biópsia em alguns casos. 

O tratamento varia de acordo com o tipo de alopecia. Segundo os tabloides americanos, a mulher de Will Smith é portadora de alopecia aerata, uma doença autoimune que produz anticorpos contra o fio do cabelo, mas ele não chega a fibrosar e morrer. 

A condição é reversível e está associada a fatores emocionais, como traumas físicos, estresse e quadros infecciosos. “Nesses casos, o tratamento geralmente envolve o uso de corticoides, loções e vitaminas para estimular o crescimento capilar, mesoterapia, entre outros”, explica a especialista.

Doença afeta também a autoestima

Além dos efeitos trazidos para a saúde física, a alopecia afeta ainda a saúde emocional dos pacientes. Entre as mulheres, a queda dos cabelos, causada não só por essa doença, mas também durante tratamentos contra o câncer, por exemplo, impacta diretamente a autoestima feminina.

“A alopecia e várias outras doenças que têm consequências estéticas afetam várias áreas da vida. Isso porque não é unicamente uma questão fisiológica, mas sim um fator de impacto na imagem e na maneira como a pessoa se percebe tanto no aspecto estético quanto psicológico”, explica a psicóloga Patricia Mello. 

Conforme esclarece a profissional, a doença representa uma ausência do controle sobre a própria fisionomia e a constante preocupação com a aparência acaba por se tornar um fator de estresse. O cabelo é um importante elemento estético, ele constitui certos padrões de beleza, permite a expressão do estilo pessoal do indivíduo e possui representações simbólicas a respeito da beleza, do cuidado, do controle, da força e do poder. 

“Em filmes, séries e novelas, quando há uma grande transformação em uma mulher, ela, de alguma maneira, muda o seu cabelo. Já quando se deseja punir uma menina, corta-se o cabelo dela, como se isso representasse a perda de si mesma e da própria identidade”, complementa a psicóloga.

Como lidar com a queda do cabelo

Muito mais que apenas uma questão de vaidade ou estética, a perda do cabelo afeta a autoimagem, autoexpressão e autoconfiança. Segundo a psicóloga Patricia, esse processo envolve muito sofrimento. “Há luto porque é algo que representa parte da identidade e um senso de incerteza sobre como o outro vai reagir, além da ansiedade sobre como se perceber com esse elemento em falta”, salienta.

E como lidar, então, com essa situação tão difícil? Para Patricia, em primeiro lugar é necessário entender que há certas coisas na vida que não se pode controlar. “Quando abrimos mão do controle e paramos de lutar contra o inevitável (no sentido de resignação saudável), gastamos menos energia do que se ficarmos brigando com a realidade”, afirma.

Outra forma de encarar o processo de queda capilar é olhar para o problema por outra perspectiva, mais otimista, e tentar ver as vantagens dessa nova realidade. A perda é dolorosa, mas pode ser libertadora e marcar o início de um recomeço, uma nova fase, por exemplo. Além disso, a psicóloga reforça que é fundamental lembrarmos que somos definidos por vários fatores e não apenas por um - como o cabelo. 

“Mesmo que algo em nossa aparência incomode, há múltiplas formas de agradar a si mesmo, ou até aprender a ver a beleza daquilo que se considerava ‘feio’ ou ruim. Uma mulher sem cabelo não precisa ser vista como alguém incompleta; ela pode ser vista como alguém que assumiu a si mesma com integralidade. Alguém tão empoderada e autoconfiante que dispensa alegorias estéticas para ser quem se deseja”, destaca Patricia.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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