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Músicas podem prevenir doenças e manter o bem-estar

Na musicoterapia, a linguagem musical estimula o cérebro de forma lúdica

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Durante o ano de 2021, que foi de retomada gradual das atividades, a saúde mental tornou-se o centro das atenções de muitas pessoas. Das crianças que passaram mais de um ano em ensino remoto aos idosos isolados e carentes por afeto, o desafio desse recomeço é preencher os dias com atividades que tragam bem-estar. E a música tem se tornado uma grande aliada.

A ciência já deu nome para isso: musicoterapia. É quando as melodias e sons ajudam a prevenir ou tratar doenças e manter a qualidade de vida. Para especialistas no assunto, a linguagem musical estimula o cérebro e auxilia no desenvolvimento de competências nos domínios motor, cognitivo, emocional e linguístico.

“Se trabalha a repetição, rotina e atenção compartilhada. E isso é feito de uma forma muito mais prazerosa e eficiente quando ocorre de forma lúdica, principalmente para crianças, que se envolvem e se engajam”, explica a mestre em educação musical pela UFRGS, Karla Dias. “A música ativa o cérebro. Os bebês, por exemplo, já recebem os primeiros estímulos sonoros ainda na barriga, pela voz da mãe”, completa.

 

Para todos os públicos

No entanto, a musicoterapia não é exclusividade dos pequenos. Para adultos com doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, esse trabalho estimula a memória musical — que é uma das últimas a ser afetada. “A lembrança de uma canção de carnaval, por exemplo, vem recheada de emoção, e traz consigo um fio de outras recordações. Como terapia, tem se mostrado eficiente”, completa a profissional, que trabalha há 20 anos com música na escola Estação das Artes. 

A explicação, entende o médico psiquiatra e psicanalista Jair Knijnik, é em função da musicalidade ser uma das formas mais primitivas de dar sentido às coisas, muito anterior às palavras. “A batida de um tambor nos lembra das batidas do coração. Um bebê, antes de nascer, já se comunica com sua mãe através de sons. A gente, desde cedo, sabe identificar um tom amoroso, hostil. Pelo tom da voz, pelo timbre, a gente identifica também como a musicalidade faz reconhecer. A música corresponde às formas mais iniciais da comunicação humana”. 

 

Benefícios

 

A bacharel em piano, mestre em Educação Musical pela UFRGS e fundadora da Estação das Artes, Cynthia Geyer, elenca os cinco principais benefícios da musicoterapia. Veja:

- As crianças, através das vivências musicais, vão potencializar o desenvolvimento de competência nos domínios motor, cognitivo, emocional, linguístico;

- Ativa o cérebro. Uma das áreas é o hipocampo, diretamente ligado à memória e regiões com funções cognitivas;  

- Músicas estão diretamente ligadas ao bem-estar, por facilitar a liberação de endorfina, acionando neurotransmissores ligados ao prazer;

- Memória musical é uma das últimas a ser afetada em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer. As pessoas costumam lembrar de músicas marcantes na vida e, na emoção, resgatam outras memórias;

- Aumenta a capacidade respiratória, além de estimular a coordenação motora.


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