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Body Positive: o incentivo ao amor próprio

Verão é época de corpos perfeitos, certo? Errado. Verão é época de aceitar seu corpo, seja como ele for

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Verão é época em que os cuidados estéticos se intensificam - muitas mulheres adotam dietas "milagrosas", tratamentos de pele radicais e exercícios intensos para entrar no padrão que acreditam precisar estar para aproveitar a estação. Apesar dessa tendência, existe um movimento que vai justamente na contramão deste comportamento: Body Positive. Ele surgiu para questionar os padrões estéticos impostos pela sociedade e incentivar as pessoas a amarem seus corpos como são.

O Brasil é o país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, tendo a prótese de silicone mamária, lipoaspiração e abdominoplastia na liderança dos procedimentos. O movimento, por aqui, chega através de influenciadoras digitais que falam sobre autoestima e amor próprio. Para Zacarias Ramalho, professor de Psicologia da Estácio, a abordagem do Body Positive é necessária para que a sociedade passe a respeitar todos os tipos de corpos, sem levar em consideração um único ideal de "belo". 

Ele destaca que, atualmente, a multiplicidade de vivências e corpos ajudou no processo de aceitação da diversidade corporal: vemos pessoas diferentes na TV, nas revistas e nas redes sociais. “Hoje ainda existe uma ditadura da beleza, porém, não tem a mesma força de antes, quando o padrão europeu de beleza predominava nos meios de comunicação. As pessoas estão valorizando mais as diversidades, discutindo racismo e gordofobia, por exemplo, e aprendendo a lidar melhor com as questões, por isso essa preocupação com autoestima tem crescido tanto: para que todos se sintam valorizados como são”, afirma. 

As modificações realizadas no corpo, principalmente no que diz respeito às questões estéticas, são uma expressão da tentativa de poder adequar-se e fazer parte de um grupo, porque somos seres sociais e necessitamos uns dos outros. “Porém, quando alguém se importa muito com as expectativas do outro, isso gera sofrimento e pode chegar a ocasionar distúrbios emocionais relacionados à autoimagem", alerta Ramalho.

Body Positive na prática

Amar o próprio corpo independente dos padrões de beleza impostos pela sociedade: o discurso é bonito. Mas como colocar em prática? Para Ramalho, a partir do momento em que somos empáticos com as diversidades existentes, quando não exigimos do outro uma maneira padrão de ser ou viver, aprendemos a ser assim comigo mesmo. “Em outras palavras: quando eu não dito um ideal, mas acolho o que pode ser o ideal do outro, eu posso aprender a me amar mais”, explica. 

O professor ressalta que não existe receita correta para praticar o amor próprio, mas a partir do momento em que você se conhece, o processo fica mais fácil. “E nesse aspecto, a terapia com um profissional de psicologia é sempre bem-vinda”, indica. 

Nesse contexto, os pais e responsáveis têm um papel importante de incentivo do body positive na vida dos jovens. “Eles devem incentivá-los a falarem sobre como se sentem em relação aos seus corpos e estética, e ensinar a apreciar a diversidade e individualidade de cada um, respeitando suas perspectivas e formas de ser”, orienta. 

É importante lembrar que as crianças e adolescentes aprendem como se sentir com com os pais, e não é diferente quando é sobre como se sentir em relação a si mesmo. “É sempre necessário dar um bom exemplo, evitando falas como ‘você precisa emagrecer’ ou ‘você deveria usar maquiagem’, para que a pessoa cresça se aceitando como é”, afirma o professor. 

Redes sociais a favor do movimento

Nesse cenário, as redes sociais também se tornam uma ferramenta importante no incentivo do discurso do amor próprio - e muitas influenciadoras digitais carregam essa bandeira. “Esse trabalho é importante para que o amor próprio e aceitação estejam sempre sendo lembrados. Mas apesar disso, é necessário lembrar que não existe receita certa, e nas redes sociais a pessoa precisa seguir quem tem um conteúdo que faz sentir bem e que respeite a individualidade de cada um”, explica Ramalho.


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