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Setembro Amarelo: precisamos falar sobre suicídio

Situação extrema preocupa e pode ser evitada com apoio e ajuda profissional

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Desde 2014, a campanha Setembro Amarelo tem o intuito de conscientizar sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar toda a população sobre o assunto. Os dados preocupantes no Brasil reforçam a importância de discutir o tema: de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, são registrados cerca de 12 mil suicídios no Brasil. 

Ainda segundo a entidade, os transtornos mentais são a causa de 96,8% das mortes - a depressão lidera o ranking. Infelizmente, temas relacionados à saúde mental e ao suicídio ainda são considerados tabus para parte da população, o que resulta em falta de informações e conhecimento adequados sobre o assunto. 

Número é maior entre os homens

Dados do Ministério da Saúde apontam que a taxa de mortes por suicídio é de 2,4 mulheres a cada 100 mil, enquanto, para os homens, chega a 9,2 para cada 100 mil - ou seja, cerca de quatro vezes mais. E estes números não são surpreendentes.

O psiquiatra Pedro Marcelino ressalta que, um fator que se sobressai é o método utilizado para acabar com a própria vida. Apesar das mulheres apresentarem tentativas de suicídio mais frequentes, a forma como o homem realiza pode ser o diferencial. “Métodos mais agressivos e impulsivos, normalmente praticados mais por homens, tendem a ser mais letais”, explica.

Mulheres buscam mais ajuda

A farmacêutica Pfizer realizou um levantamento chamado “Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a saúde mental”, que ouviu dois mil brasileiros. Durante a pesquisa, 30% dos homens entrevistados acreditam a depressão está relacionada à falta de fé ou não sabem avaliar se isso é verdade. Apenas 17% das mulheres pensam da mesma forma. “Estudos indicam que grande parte das mulheres que tentam cometer suicídio estão, ou já passaram em algum momento da vida, por acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra, diferentemente dos homens, que tendem a ter mais dificuldade em buscar auxílio”, esclarece Pedro.

O psiquiatra reforça que, o fato pode ser explicado pela existência de um tabu, em que homens não podem ser sensíveis, nem expor seus sentimentos ou buscar ajuda médica, pois estariam demonstrando alguma fraqueza. “Essa ‘pressão social’ pode ser influenciadora na baixa procura por profissionais da saúde mental, consequentemente ligado ao aumento do número de suicídios”, explica. 

Acolhimento e informação: como ajudar

Independente do sexo, o suicídio pode ser prevenido e há formas de ajudar. Segundo Pedro, muitas vezes, uma pessoa pode estar com um grande sentimento de desvalia, solidão e não demonstrar nada. Porém, podemos ficar atentos a alguns sinais: isolamento, perda de interesse em atividades que lhe costumavam dar prazer, mudanças no hábito alimentar, mudança no sono e sinais de agressividade.

“Quando perceber algo, é importante se aproximar e acolher essa pessoa, sem julgamentos. Escutar, conversar, lembrar a pessoa que existe ajuda e que existem profissionais que podem auxiliar durante este período”, destaca o médico. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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