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Perigo: suplementos alimentares não são recomendados para pacientes oncológicos

Casos específicos de deficiências de vitaminas devem ser avaliados por especialistas

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Suplementos alimentares, como vitaminas, minerais, elementos de ervas ou plantas, vendidos na forma de comprimidos, cápsulas, pó ou líquidos, não são recomendados para a prevenção de câncer. “O uso destes produtos sem recomendação de um nutricionista ou médico pode ser perigoso para a saúde”, alerta a oncologista do Núcleo de Terapia de Doenças Autoimunes da Oncoclínicas, Juliana Scheffer. “Uma alimentação variada e colorida que inclua regularmente frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais, sementes e nozes é suficiente para proteger contra o câncer e contra várias doenças”, pondera.

De acordo com a médica, os oncologistas devem atuar de forma ativa em relação ao paciente, buscando informações sobre autossuplementação e encorajando-os a não omitirem o uso de algum suplemento ou substância natural. Ela exemplifica que a incidência de autossuplementação nos Estados Unidos em pacientes oncológicos chega a 90% e a maioria deles não se sente segura em dividir essas informações com seus oncologistas.

Por causa do uso indiscriminado ser tão frequente, observa a oncologista, foi realizado um estudo que analisou a interação entre suplementos e quimioterapia em 1.134 pacientes antes e/ou durante o tratamento. A pesquisa revelou que o uso de antioxidantes (vitaminas A, C, E, carotenoides e coenzimaQ10, vitamina B12 e ferro) foi associado a uma redução no benefício da quimioterapia. Os antioxidantes aumentaram o risco de recorrência em aproximadamente 40%, já B12 e ferro em aproximadamente 80%. “Por isso, até que surjam outros estudos com número maior de pacientes e interação entre suplementos e quimioterapia, devemos solicitar que os pacientes oncológicos não usem nenhuma fórmula de suplementos nem antes nem durante o tratamento”.

Deficiência de vitaminas pode ocorrer depois do tratamento

A oncologista observa, porém, que existem alguns casos em que o paciente pode sofrer deficiência de vitaminas após o tratamento de certos tipos de câncer. Exemplo disso é a falta de vitamina B12 decorrente do tratamento do câncer gástrico. Este tipo de ocorrência reforça a necessidade da avaliação periódica com o oncologista ou o nutricionista para correção da deficiência existente. “Indivíduos com disfunção do trato gastrintestinal (náusea, vômitos, diarreia ou anorexia) podem não atingir as chamadas RDAs (Dose Diária Recomendada, no português) dos diversos micronutrientes apenas com a dieta. Nesses casos específicos de risco alto nutricional e deficiência documentada de micronutrientes, a reposição deve ser feita com orientação profissional e em pequenas doses, evitando-se ultrapassar as quantias indicadas”, acrescenta ela.

 


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