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Os riscos da suplementação inadequada de vitaminas

Com cara de inofensivas, as vitaminas podem trazer prejuízos para a saúde quando tomadas sem acompanhamento médico

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Com a chegada das temperaturas mais frias do inverno, um comportamento comum entre algumas pessoas é a suplementação com polivitamínicos - ou seja, ingerir vitaminas por conta própria. A justificativa muitas vezes é a tentativa de “se proteger” das doenças comuns desta época. Esses complementos geralmente são feitos sem prescrição médica e, por serem “apenas vitaminas”, muitas vezes achamos que não existem riscos. Mas será que o uso indiscriminado desses suplementos é mesmo benéfico?

As vitaminas A, C e D são as mais suplementadas, por serem as que, supostamente, previnem doenças crônicas. A endocrinologista e metabologista Milene Moehlecke alerta que, esse uso descontrolado, pelo desconhecimento, acaba negligenciando os riscos da complementação excessiva e sem supervisão médica. 

Existem dois tipos de vitamina

Segundo a especialista, existem dois tipos de vitaminas: lipossolúveis e hidrossolúveis. As primeiras, como as vitaminas A e D são classificadas, se armazenam no tecido adiposo (células que armazenam gordura) e no fígado, o consumo exagerado e sem prescrição pode levar a intoxicações sérias. As segundas, como a vitamina C, sofrem eliminação renal e seu excesso está associado ao maior risco de formação de cálculos  renais.

“A suplementação de vitamina D é recomendada para indivíduos de risco durante este período de isolamento social para evitar qualquer deficiência, especialmente no contexto de saúde óssea, objetivando atingir valores adequados”, explica. Entretanto, a profissional destaca que quando feita de forma indiscriminada, pode aumentar o risco de intoxicação, com sintomas variados, de náuseas e vômitos a desidratação, confusão mental e insuficiência renal, além de quedas e fraturas, especialmente em idosos.

A “famosa” vitamina C

Na década de 90, com base em seus efeitos fisiológicos e em estudos observacionais, acreditava-se que a suplementação com vitamina C poderia prevenir ou tratar doenças crônicas, tais como doenças cardiovasculares e câncer. A partir destas suposições, estudos com melhor delineamento foram realizados para avaliar o efeito da suplementação sobre estes desfechos com resultados desanimadores.

Milene destaca que as evidências disponíveis até o momento não mostraram benefícios da complementação para a prevenção de doenças crônicas. Além disso, o uso da vitamina para evitar resfriados e gripes, que vem sendo feita desde a década de 70, após a publicação do livro “A vitamina C, o resfriado e a gripe”, não foi comprovado.

“Os estudos que empregaram vitamina C em altas doses não mostraram benefícios sobre a redução da incidência de resfriado comum na população em geral. Controvérsias persistem a respeito de seu efeito sobre a redução da duração e gravidade do resfriado”, aponta a profissional.

Alimentação precisa ser avaliada como um todo

Para a endocrinologista, provavelmente, a ausência de benefícios com a suplementação de vitamina C, apesar das suas propriedades antioxidantes, ocorre porque nenhum nutriente isoladamente é capaz de prevenir doenças. “A alimentação precisa ser avaliada como um todo!”, ressalta. “Tendo em vista que as necessidades diárias de vitaminas podem ser comumente obtidas com base em uma alimentação diversificada para a maioria das pessoas, seu uso rotineiro deve ser desencorajado”, defende.

A médica finaliza ressaltando que, o melhor caminho é a consulta a um profissional da área para avaliação sobre a necessidade de reposição das vitaminas e a melhor forma de fazê-la, para evitar os riscos apontados. 


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