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Afinal, o que são cuidados paliativos?

Nas últimas semanas surgiram várias dúvidas sobre essa prática; o Bella Mais responde algumas delas

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Na última semana, Pelé, que é uma das principais figuras do futebol brasileiro, foi internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para reavaliar a terapia quimioterápica realizada para o tratamento de um câncer diagnosticado em setembro de 2021. 

Alguns dias após a hospitalização, foi divulgado que o ex-jogador estaria recebendo cuidados paliativos, fazendo surgir várias dúvidas sobre o que é essa prática médica e em que casos ela é recomendada. Para esclarecer os principais questionamentos acerca do assunto, o Bella Mais conversou com duas especialistas do Residencial Com-Vivência, clínica referência no atendimento de pessoas idosas. 

Objetivo da prática é melhorar a qualidade de vida

A falta de conhecimento ainda é uma das grandes barreiras para a aplicação dos cuidados paliativos. Apesar de ter sido reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um tipo de tratamento em 1990, o paliativismo ainda gera muitas dúvidas e até mesmo um certo receio. 

A enfermeira responsável técnica e gestora clínica do Residêncial Com-Vivência, Evelise Carvalho, explica, no entanto, que os cuidados paliativos nada mais são do que medidas que visam gerar um conforto maior para pacientes cujo tratamento não é mais eficaz. “Esses cuidados são indicados para casos em que não se tem mais cura. Ou seja, são medidas de conforto, que ajudam no manejo da dor. A pessoa recebe toda a atenção necessária, envolvendo desde o carinho da família, até a indicação dos medicamentos e alimentação mais adequada”, afirma.

A profissional salienta que não se trata de prolongar ou encurtar a vida do paciente, mas garantir que ele tenha uma qualidade de vida melhor durante o tempo que lhe resta. “Se ele está doente, é preciso adotar um olhar diferenciado para o seu quadro. Independente se o indivíduo tem pouco tempo de vida ou não, a gente vai fazer de tudo para que esse período seja suportável e o mais tranquilo possível”, reforça Evelise.

No caso de Pelé, por exemplo, um dos cuidados adotado foi a suspensão da quimioterapia, pois a equipe médica entendeu que os efeitos colaterais trazidos eram maiores que os benefícios, além de não haver mais a possibilidade da cura.

Medida também vale para pessoas jovens

A administradora do Residencial Com-Vivência, Lisa Hilgert, esclarece que diferente do que a maioria das pessoas acha, os cuidados paliativos não são indicados apenas para idosos. “Uma pessoa em tratamento de câncer, mesmo sendo jovem, pode receber cuidados paliativos. Existem casos até de crianças, que tiveram câncer por um longo período e mesmo depois do tratamento, não alcançaram um retorno positivo, então decide-se adotar esses cuidados”, explica a profissional. 

Tal prática médica não está associada à idade, mas sim ao quadro clínico do paciente, que inclusive pode estar lúcido e tomar ele mesmo, em conjunto com os profissionais, a decisão de receber esses cuidados. Porém, quando este, por algum motivo, não está em condições de decidir, é a família que define o que deve ser feito.

Como são definidos e como funcionam os cuidados

Em relação à definição e ao funcionamento dos cuidados paliativos a serem adotados, as especialistas do Com-Vivência, Evelise e Lisa, explicaram que as necessidades são avaliadas de acordo com cada caso, assim como o local onde a pessoa deverá receber as medidas. Isso pode ser feito em casa, num hospital ou em outra instituição e depende da estrutura que o quadro clínico do paciente requer.

Além disso, a prática também envolve uma equipe multidisciplinar, que acompanhará o indivíduo. “Geralmente, conta-se com médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, técnicos de enfermagem, cuidadores e a família”, exemplificam. Como trata-se de um momento delicado, esses cuidados estendem-se também às pessoas mais próximas, e é comum que a família passe a ser auxiliada por um psicólogo, principalmente nos casos em que os entes queridos precisam optar pela adoção dos cuidados paliativos. 

“É importante sim que a família também receba um suporte, porque para eles é muito difícil decidir sobre a vida do outro e às vezes continuar fazendo a vontade da pessoa quando ela não pode mais expressar o seu desejo”, conclui Lisa.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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