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Esclerose múltipla: entenda tudo sobre a doença que atinge mais as mulheres

O Bella Mais entrevistou uma especialista referência no assunto que explica o que é a Esclerose Múltipla, doença crônica que tem ocorrência de duas a três vezes maior em mulheres

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Segundo dados da Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, atualmente, em todo mundo, 2,8 milhões de pessoas têm Esclerose Múltipla. No Brasil, estima-se que esse número chegue a cerca de 40 mil. A doença geralmente é diagnosticada na faixa etária entre 20 e 40 anos e apresenta prevalência em mulheres, que têm de duas a três vezes mais chances de desenvolvê-la.

Principais dúvidas

Para entender melhor o que é a Esclerose Múltipla, quais seus sintomas e por que as mulheres são as mais atingidas por ela, o Bella Mais entrevistou a médica neurologista e coordenadora do Núcleo de Esclerose Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Moinhos de Vento, Maria Cecília Aragón de Vecino.

A instituição é referência nesta especialidade e, além da infraestrutura para o diagnóstico e tratamento da doença, também atua no desenvolvimento de pesquisas sobre a Esclerose. Veja a nossa conversa com a médica e esclareça suas dúvidas:

Bella Mais - O que é a esclerose múltipla?

Maria Cecília - A esclerose múltipla é uma doença crônica e autoimune que afeta o cérebro e a medula espinhal. Nessa disfunção, os anticorpos interpretam as células saudáveis do sistema nervoso central como algo que deve ser atacado, como uma bactéria ou um vírus, o que resulta em lesões.   

Bella Mais - Quais são os sintomas da doença?

Maria Cecília - Os sintomas mais comuns são disfunções na visão, vertigem, perda de força, alteração de sensibilidade e equilíbrio. Eles variam conforme a região afetada. Quando existe lesão do nervo óptico, pode-se ter um problema visual. Uma disfunção em uma área posterior do cérebro, pode resultar em alteração de equilíbrio e tontura. Às vezes, os sintomas são combinados: a pessoa pode apresentar distúrbios na visão e perda de força em uma perna, pois mais de uma área foi atingida.

Bella Mais - Quais características as mulheres possuem que favorecem o desenvolvimento da esclerose múltipla?

Maria Cecília - Existe um componente hormonal na regulação do sistema imune. Mas esta situação já começa a se modificar, sugerindo que outros fatores podem estar envolvidos.

Bella Mais - Como funciona o tratamento para a esclerose múltipla? Há uma cura ou é possível evitá-la?

Maria Cecília - Funciona tratando o sistema imune para que não agrida o sistema nervoso central. Isso é possível porque o sistema imune é modulado. A Esclerose Múltipla ainda não tem cura, mas o tratamento está melhorando e impactando de modo extremamente positivo na qualidade de vida dos pacientes. Nossos esforços são para que as pessoas tenham uma vida normal, apenas tomando medicamentos para controlar a doença. 

Com a entrada de novos remédios, hoje podemos contar com drogas com modos de ação cada vez mais precisos e, portanto, resolutivos. Conseguimos tratar pacientes com evolução progressiva, que era onde não tínhamos medicamentos adequados, ainda assim, não é possível evitar a doença, somente controlá-la com os tratamentos.

Bella Mais -  Quais sinais da doença exigem atenção?

Maria Cecília - Por abranger diversos sintomas, é fundamental que se fique alerta a qualquer problema que tenha relacionado ao sistema neurológico e que perdure por mais de 24h. Uma tontura que se instala e não vai embora, perda de visão, de equilíbrio, da força. O tratamento é para a vida toda, mas com rápido diagnóstico e condução correta, é possível ter uma qualidade de vida normal.

Bella Mais - Qual a importância do diagnóstico precoce?

Maria Cecília - O diagnóstico correto e precoce é importante, uma vez que quanto mais rápido se buscar o tratamento, mais provável é a recuperação e melhor é a evolução a médio e longo prazo. Com o diagnóstico precoce e o tratamento regular, as pessoas conseguem ter uma qualidade de vida que - nos últimos anos -,  melhorou enormemente graças aos avanços na farmacologia e na tecnologia. 


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