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Gravidez tardia é opção para todas as mulheres?

Especialista aponta os cuidados necessários para esta condição

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A atriz Cláudia Raia anunciou recentemente que está grávida do seu terceiro filho, aos 55 anos. A notícia trouxe à tona a discussão sobre os impactos da gravidez tardia na saúde da mulher. Engravidar após os 50 anos é uma opção viável para todas?

A coordenadora do Centro de Fertilidade e Reprodução Assistida do Hospital Moinhos de Vento, Isabel Cristina Amaral de Almeida, observa que fatores como a maior escolarização das mulheres e maior inserção no mercado de trabalho têm levado a uma postergação da maternidade. Mas a médica lembra que uma gestação em idade avançada tem seus riscos. 

“O primeiro deles é de não conseguir gestar, em função da diminuição do número de óvulos disponíveis. Com a idade avançada, também aumentam as taxas de abortamento e os riscos de alterações cromossômicas no embrião. Além disso, a gestação com idade avançada pode trazer mais complicações à saúde tanto da mãe quanto do feto, como uma maior incidência de diabetes gestacional, uma maior acidente de pré-eclâmpsia, de trabalho de parto prematuro e de hemorragia pós-parto”, alerta a médica.

Dessa forma, o recomendável é que a gestação não seja tão tardia a ponto de trazer esse tipo de complicação. Porém, há alternativas para as mulheres que desejam postergar a maternidade ou que muitas vezes nem tem certeza se desejam ou não gestar no futuro. “O que tem se discutido é a possibilidade de congelamento de óvulos, que trará uma tranquilidade maior para que essa mulher tenha tempo de tomar as decisões relacionadas a ter ou não ter filhos quando a sua idade estiver mais avançada. Claro que isso resolve bastante a questão dos óvulos mais jovens, mas não elimina os riscos implícitos à gestação e a idade mais avançada”, explica Isabel. 

Cuidados necessários 

De acordo com a médica, a gravidez tardia traz a mesma necessidade de cuidados de qualquer outra gestação: quanto melhores forem as condições de saúde da mulher para iniciar a gestação, melhor vai ser o seu desfecho. 

“É importante manter hábitos de vida saudáveis, não ingerindo álcool, não fumando, com uma alimentação bem balanceada, estando seu peso dentro da faixa normal, sem obesidade ou sobrepeso e usar os suplementos vitamínicos para o início da gestação como ácido fólico que previne uma série de malformações no bebê, além de fazer um pré-natal com bastante cuidado estando atenta aos exames, vacinas e todas situações que vão diminuir a incidência de diabete gestacional, por exemplo, que está muito associado com a obesidade, sobrepeso e hipertensão arterial”, ressalta a médica. 

Condição é rara e pode trazer complicações

Apesar de todos os cuidados, Isabel ressalta que a idade como fator de risco isolado existe. “A recomendação do Conselho Federal de Medicina, por exemplo, para mulheres que buscam tratamentos de reprodução assistida, é que tentem fazê-los até os 50 anos. Após isso, eles indicam que seja feita uma avaliação bem criteriosa pelos médicos e pelos obstetras que vão acompanhar essa paciente, para que realmente sejam avaliados quais são os fatores de risco que podem impactar ao longo da sua gestação e que podem trazer algum prejuízo para a sua saúde ou para a saúde do seu bebê”, explica.

Isabel destaca que gestações espontâneas após os 45 anos são eventos raros e muitas trazem consigo algumas alterações nos embriões, em função de alterações cromossômicas, levando muitas vezes ao abortamento e algumas outras complicações.

“Deixo um alerta de que essa situação é absolutamente incomum de uma mulher que inclusive já havia dito em outros momentos que já estava na menopausa e agora espontaneamente apareceu grávida. O caso é de uma raridade no meio médico muito grande e que não deve ser um estímulo para que outras mulheres posterguem a sua gestação, acreditando que esse evento seja fácil, porque não é”, ressalta Isabel. 

“É muito difícil engravidar espontaneamente após os 45 anos. E é bastante importante que as pessoas tenham isso presente para que essa postergação da maternidade não seja tão longa a ponto de inviabilizar que essa mulher realmente tenha os filhos que ela gostaria de ter para constituir a sua família”, finaliza. 

por Mariana Nunes

Mariana Nunes é jornalista. Ama café, praia, chocolate e futebol - não necessariamente nessa ordem. É torcedora fervorosa do Internacional e repórter do Bella Mais. @a_marinunes


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