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40% dos brasileiros praticam o autodiagnóstico; saiba quais os perigos

Prática pode oferecer riscos à saúde e alerta sobre a importância do acompanhamento profissional

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Quem aí nunca sentiu uma dorzinha e foi logo pesquisar os sintomas em algum site? Poucos cliques depois, eis o diagnóstico do “Dr. Google”. Essa situação é comum entre os brasileiros. Segundo dados de uma pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 40% dos pacientes se autodiagnosticam na internet.

A prática parece simples, mas oferece grandes riscos à saúde, principalmente porque as doenças podem apresentar sintomas diferentes em cada pessoa. “Corremos o risco de que a medicina seja reduzida a esse entendimento de que o diagnóstico é um processo simples, com critérios bem definidos, sem variação entre as pessoas, como se as doenças se manifestassem sempre da mesma forma”, comenta o médico Paulo Ricardo Mottin Rosa, supervisor da Residência em Clínica Médica do Hospital Moinhos de Vento.

Para Paulo Ricardo, o acesso à informação é algo positivo, mas com tantos conteúdos circulando, acaba sendo difícil discernir quais fontes são confiáveis ou não. “Temos um problema associado ao excesso de informações. É difícil, para a pessoa que não tem experiência no processo de cuidado de pacientes, diferenciar uma fonte confiável de uma duvidosa”, ressalta.

Depois do diagnóstico, vem o tratamento

Outro problema relacionado ao autodiagnóstico é a automedicação. A pesquisa dos sintomas na internet geralmente não têm apenas um caráter informativo. Muitos pacientes passam a administrar doses de remédios com base nos resultados obtidos e é aqui que está o grande perigo.

“Assim, podemos tanto ter pessoas que não têm uma determinada doença utilizando um tratamento desnecessário, que poderá gerar efeitos colaterais, quanto uma pessoa com alguma patologia que deixa de ter acesso a um tratamento ou até mesmo à cura”, alerta o médico Paulo Ricardo.

Ele relata que essa situação se tornou recorrente durante a pandemia. “Tivemos um sério problema quanto a isso. Observamos a disseminação de diversas terapias sem uma adequada comprovação científica”, relembra.

Acompanhamento profissional é indispensável

Para o médico, a busca por informações é natural, diante das ferramentas disponíveis atualmente e, em sua opinião, os pacientes não só podem, como devem, buscar conhecer mais sobre as doenças. No entanto, conforme explica, essa pesquisa não pode substituir a avaliação de um profissional de saúde.

“Nem sempre os diagnósticos serão iguais. Da mesma forma, nem sempre os tratamentos serão os mesmos. O ato de cuidar profissionalmente de um paciente não pode ser substituído por um algoritmo. Tem muita ciência por trás do contato humano, da forma como entendemos o que a pessoa tenta expressar. Não é algo que seja substituível por uma consulta de 10 minutos ao Google”, esclarece Paulo Ricardo.

Diante desse cenário, cabe aos profissionais esclarecerem quais informações estão corretas e, de acordo com o médico, explicar ao paciente qual o seu diagnóstico, implicações, tratamentos disponíveis e prognóstico.


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