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Infertilidade afeta 15% dos casais, mas pode ser evitada

Dificuldade para engravidar atinge tanto homens quanto mulheres e pode ser consequência de fatores de saúde e do estilo de vida

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O sonho de ter um filho é compartilhado por muitos casais, mas, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15% deles sofrem com dificuldade para engravidar. 

O problema não possui uma única causa, podendo ser tanto consequência de fatores de saúde quanto do estilo de vida. Para discutir esse tema e desmistificar tabus, junho é lembrado como o Mês Mundial da Conscientização da Infertilidade.

Não atinge apenas as mulheres

A infertilidade pode ser definida como tentativas frustradas de gravidez após 12 meses ou mais, com relações sexuais regulares sem proteção. O problema atinge igualmente homens e mulheres e responde por 35% das causas mais comuns da dificuldade de engravidar.

"Por muito tempo a infertilidade era atribuída à mulher, enquanto o homem sequer era investigado", destaca a ginecologista Mariangela Badalotti, diretora do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva. Ela enfatiza que várias das possíveis causas têm origem em hábitos do dia a dia.

A obesidade, o fumo e doenças sexualmente transmissíveis, por exemplo, podem prejudicar a fertilidade. "São fatores que podem ser controlados de maneira simples pela própria pessoa, como manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, prática de exercícios e evitar o fumo. Além, também, de ter relações sexuais com segurança, utilizando preservativos", reforça a especialista.

A idade faz diferença

Outro elemento determinante na dificuldade para engravidar é a idade. Com o passar dos anos, a qualidade dos gametas (óvulos e espermatozoides) vai caindo gradativamente. A fertilidade feminina começa a diminuir a partir dos 35 anos e se acentua bastante após os 40.

Na fertilização in vitro, por exemplo, a chance de gravidez até os 35 anos é de 50%, e cai para menos de 5% acima dos 43 anos. Já entre os homens, a motilidade espermática — ou seja, a capacidade dos espermatozoides se moverem — cai cerca de 7% por ano após os 40.

Nos últimos anos, com a influência de fatores sociais e econômicos, os casais têm decidido ter filhos cada vez mais tarde — e quando ocorrem as tentativas, podem surgir dificuldades para concretizar a gestação naturalmente. "Por isso, é bastante relevante pensar em alternativas a longo prazo, como o congelamento de óvulos, sêmen e até mesmo embriões", esclarece Mariangela Badalotti.

O congelamento é indicado até os 35 anos, para garantir a melhor qualidade dos óvulos e espermatozoides, bem como aumentar as chances de gravidez.O procedimento é recomendado, também, para pacientes em tratamento de câncer. 

"Tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia podem prejudicar a fertilidade. Com o congelamento, é possível fazer a reprodução assistida caso o paciente oncológico se torne infértil", enfatiza a ginecologista.

Investigação ampla

A multiplicidade de causas da infertilidade exige um estudo aprofundado do estilo de vida e histórico de saúde do casal, para detectar a raiz do problema e oferecer um tratamento adequado.

"A consulta aborda aspectos conjugais, emocionais, sexuais, comportamentais, de saúde geral, histórico de doenças anteriores e histórico médico familiar, além do exame físico", diz Alvaro Petracco, ginecologista e diretor do Fertilitat. Existe também necessidade de exames complementares. 

Ele aponta que o trabalho de investigação pode não ser tão rápido como o esperado pelo casal. "Por isso, é fundamental que o casal seja informado sobre todos os passos da investigação e tratamento, aumentando sua colaboração e participação neste processo", diz o especialista.

Em diversos casos, a concretização da gravidez poderá exigir a realização de procedimentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro e a inseminação artificial. 


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