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Fim do uso de máscaras pode contribuir para aumento de casos de doenças respiratórias

Sem a proteção, população fica mais exposta à doenças infecciosas, o que, associado ao clima do outono, favorece o aumento de casos

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, a gripe afeta, de forma grave, 3,5 milhões de pessoas. Crianças, idosos, portadores de doenças pulmonares, pessoas com problemas cardíacos e de imunidade apresentam os piores quadros. Além disso, no outono há uma redução da umidade relativa do ar que, associada à uma maior concentração de poluentes, fazem com que as doenças respiratórias aumentem significativamente. 

A maioria delas são infecciosas, causadas por vírus, e, em segundo lugar, por bactérias. As constantes e bruscas mudanças climáticas e o fato de que casacos e cobertores são retirados dos armários depois de muito tempo guardados também intensificam a ocorrência dos problemas respiratórios. Além de gripes e resfriados, as pneumonias, rinites alérgicas e sinusites são doenças comuns nesta época do ano. 

Sem máscaras, população fica mais exposta

De acordo com a médica infectologista Marta Fragoso, a queda da obrigatoriedade do uso de máscaras promete fazer com que o número de casos de diversas doenças também aumente nos próximos meses. 

"A abolição das máscaras tende a aumentar a exposição das pessoas às partículas infectantes e ao ar com alta concentração de poluentes. Utilizada durante os momentos mais críticos da pandemia causada pela Covid-19, a máscara foi uma boa prática de prevenção de doenças respiratórias infecciosas no geral, e deveria ser mantida em algumas situações especiais”, defende a especialista.

As doenças infecciosas respiratórias podem ser classificadas como "transportadas pelo ar” (que se espalham por aerossóis suspensos no ar) e "infecciosas", que se espalham por outras rotas, incluindo gotículas maiores. Aerossóis são minúsculas partículas líquidas do trato respiratório que são geradas, por exemplo, quando alguém exala, fala ou tosse. 

Essas partículas ficam em suspensão por um tempo no ar e podem conter vírus vivos. As recomendações médicas indicam que quando alguém apresenta sintomas que indicam problemas respiratórios, é essencial que a pessoa se isole e procure um diagnóstico preciso para direcionar o seu tratamento.

Casos têm aumentado entre as crianças

O último boletim InfoGripe, da Fiocruz, sinaliza o crescimento das síndromes respiratórias em crianças. De acordo com o relatório, dados laboratoriais preliminares sugerem um possível aumento nos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR) na faixa etária de zero a quatro anos e interrupção de queda nos casos associados à Covid-19 na faixa de cinco a 11 anos. 

Para a infectologista, especialmente em virtude do momento em que vivemos, é preciso redobrar as atenções. "O crescimento das síndromes respiratórias, tanto em crianças, como entre adultos e idosos, deve-se aos novos patógenos virais e até bacterianos que apresentam versatilidade quanto à mutações e resistência à poluição ambiental”, explica Marta Fragoso. 

A médica ainda destaca que as melhores formas de prevenção passam por uma hidratação adequada, higienização de mãos com álcool em gel, evitar aglomerações, ventilar os ambientes, manter a etiqueta nos momentos de tosse e espirro, manter as vacinas em dia, utilizar umidificadores de ambientes, garantir que os ambientes estejam limpos, livres de poeiras e ácaros e considerar a avaliação médica para o diagnóstico e tratamento adequados. 


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