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Lipedema: conheça a doença que atinge uma a cada dez mulheres

Acúmulo de gordura nas pernas e braços são os principais sintomas da doença comumente confundida com obesidade

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Reconhecido este ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com um CID, que é a classificação internacional de doenças, o lipedema é uma doença crônica que se caracteriza pelo acúmulo anormal de gordura em partes específicas do corpo, como pernas, coxas, joelhos e braços. 

O problema é frequentemente confundido com obesidade, retenção de líquidos e até mesmo varizes, mas conforme esclarece a médica especialista em Cirurgia Vascular e membro da Comissão de Doenças Linfáticas da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Lorraine de Souza Atala, existem algumas diferenças.

“A gordura do lipedema deixa o corpo com uma certa desproporção, com os membros inferiores bem maiores do que o tronco e tende a formar nodulações embaixo da pele, além de ser bastante dolorosa à palpação, pois a inflamação é marcante nessa doença”, explica.

Como identificar e tratar a doença?

O lipedema é uma doença predominantemente feminina e em todo o mundo estima-se que uma a cada 10 mulheres seja atingida por ela. No Brasil, esse número chega a cinco milhões. O seu diagnóstico é clínico e consiste principalmente na realização do exame físico, em que o médico examinará a concentração de gordura no corpo.

Entre os principais sintomas, estão: dor (principalmente à palpação), dificuldade de mobilidade, edema (inchaço) e hematomas frequentes. “Um sinal típico é o acúmulo de gordura na região do tornozelo, conhecido como ‘sinal do manguito’, mas a doença sempre poupa mãos, pés e o tronco”, alerta a médica.

Segundo Lorraine, apesar de ainda não se saber o que causa o lipedema, o estrogênio (hormônio sexual feminino) tem um papel importante no desenvolvimento do problema. “A piora da doença ocorre principalmente na puberdade e na gravidez, momentos em que a mulher está exposta a níveis maiores de estrogênio”, ressalta.

Outro fator de risco importante é a genética. Cerca de 60% dos casos têm ligação com o histórico familiar, informa a especialista da SBACV.

Como tratar

O lipedema também tem relação com o surgimento de varizes. “Ele causa uma alteração estrutural no tecido que fica abaixo da pele, além de ser uma doença inflamatória que pode favorecer o aparecimento das telangiectasias, os famosos ‘vasinhos’”, explica a médica. 

Não é possível prevenir, nem curar o lipedema, no entanto, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, pode-se controlar os sintomas e obter uma melhora visível, além de conter a evolução da doença.

“O tratamento é fundamental para evitar a progressão com todas as limitações físicas e emocionais que o lipedema traz e envolve uma equipe multidisciplinar de de profissionais: nutricionistas, fisioterapeutas e especialistas médicos - dermatologista, cirurgião vascular e plástico, por exemplo.”, esclarece Lorraine. 

Além disso, cuidados com a alimentação, a prática de exercícios físicos e o uso de meias de compressão também ajudam a tratar a doença.

por Vitória Nunes Soares

Como boa repórter, está sempre pronta para aprender sobre todas as coisas. Tem estilo low profile, ou seja, é meio sumida das redes sociais pois prefere viver.


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