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Burnout: mulheres sofrem mais com o esgotamento mental

Elas se sentem sobrecarregadas com jornadas excessivas de trabalho profissional e doméstico

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As mulheres estão mais esgotadas que os homens. De acordo com a pesquisa Women in the Workplace 2021, feita pela consultoria McKinsey & Company e pela organização LeanIn, 42% das mulheres convivem com sintomas da síndrome de burnout. Mais de 65.000 mil pessoas foram entrevistadas em 2021 e  os números em relação às mulheres aumentaram 10% em relação ao ano anterior. Entre os homens, 35% relataram sentir burnout.

Ser mãe, esposa e profissional. A jornada de trabalho das mulheres geralmente não termina depois do expediente. Quando elas voltam pra casa, ainda é preciso cuidar dos filhos, das atividades domésticas e escolares. Por conta dessa rotina, elas são o público mais vulnerável a desenvolver burnout.

A psicóloga Patricia Mello explica que o termo “burnout” vem do inglês e significa “exaustão”. Ele é utilizado para definir o sofrimento psíquico relacionado às atividades laborais. “De maneira geral, observa-se que pessoas com burnout apresentam um estado de esgotamento devido ao volume de trabalho e a características do ambiente profissional, além de colegas e chefia que dificultam o bem estar emocional”, aponta. 

Em alguns casos, o ambiente pode ser entendido como bom, com colegas e chefia adequados, mas o volume de atividades ou interação com o público-alvo do trabalho podem ser muito árduos. “Em outras situações, as atividades podem ser adequadas ao tempo e habilidades da pessoa, mas a chefia, colegas e clima organizacional são tóxicos e promovem muito estresse, tais como situações de assédio moral, violência psicológica, entre outras”, explica Patricia.

Como identificar

Situações de estresse fazem parte do cotidiano de qualquer profissão. Porém, existem limites. Quando elas passam a te afetar de maneira muito intensa, pode ser burnout. “Ansiedade e descontentamento com o trabalho geralmente iniciam o processo. Aquilo que antes era um leve desconforto, torna-se muito cansativo ou é objeto de preocupações frequentes. A ansiedade começa a se intensificar e a pessoa tem problemas de sono, apetite, fica agitada e nervosa”, alerta a psicóloga.

Além disso, com o passar do tempo, esta ansiedade demanda tanta energia da pessoa, que ela começa a ficar cansada de ter que enfrentar a fonte de estresse constantemente. “Nesse caso, o humor começa a ficar deprimido. Ir para o trabalho pode gerar medo ou crises de pânico e pensamentos preocupados começam a se transformar em pessimismo, a ponto de a pessoa começar a se questionar sobre o sentido da vida”, complementa Patricia. 

Ao cansaço extremo produzido pela ansiedade e estresse, chamamos de exaustão. Quando relacionado ao trabalho, isso é burnout.

Mulheres mais vulneráveis

Outro fator de risco é o fato de que mulheres são mais sujeitas à violência psicológica e assédio moral, o que as torna alvos fáceis no trabalho. “Muitas atividades laborais tipicamente femininas também são de alta incidência de burnout. Ele foi descrito pela primeira vez em professores, sendo os de ensino fundamental e médio as primeiras pessoas a serem identificadas. Essas funções são majoritariamente ocupadas por mulheres”, aponta Patricia,

Além disso, é sabido que mulheres e homens recebem salários diferentes mesmo ocupando funções iguais ou similares. “Volume de trabalho e baixo salário também estressam, logo, mais um fator de vulnerabilidade feminina”, complementa a psicóloga.

Como evitar

É preciso estar atento aos seus sentimentos em relação ao trabalho frequentemente. Caso você esteja passando por isso, é possível reverter o quadro. A primeira atitude é procurar ajuda profissional. Além disso, Patricia dá outras dicas:

- Diminua, se possível, a carga de trabalho; 
- Converse com chefia e colegas se eles mostrarem-se acessíveis;
- Avalie a necessidade de estar em múltiplos empregos do ponto de vista financeiro;
- Busque outras oportunidades de trabalho se o ambiente for muito tóxico;
- Faça exercícios de meditação e respiração para regular a ansiedade e melhorar o sono;
- Pratique exercícios físicos e tenha momentos de lazer;
- Alimente-se de 3 em 3 horas, prefira frutas e oleaginosas, que ajudam na liberação de substâncias agradáveis no organismo.

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