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Entenda o que são as hepatites virais e como se prevenir

Saiba quais as características de cada uma das infecções

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As hepatites virais são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. O fato curioso é que na maior parte das pessoas atingidas os sintomas são mínimos ou nem aparecem - alguns tornam-se crônicos sem que se perceba quando foi o início.

O chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Wolff, explica que há um período inicial sem sintomas, seguido por alguns comuns a vários quadros causados por vírus: febre, dores articulares (nas juntas) e de cabeça, náuseas (enjoo), vômitos, falta de apetite e cansaço.

“Algumas manifestações características ocorrem na menor parte dos casos e incluem a coloração amarelada da pele e mucosas, urina escura (cor de chá ou Coca-Cola) e fezes esbranquiçadas. Pode-se notar o aumento do tamanho do fígado, com dor quando se palpa a região abaixo das costelas do lado direito. A duração dessa fase varia de poucas semanas até alguns meses”, aponta o médico. 

As hepatites virais se dividem em cinco tipos: A, B, C, D e E. Para entender melhor cada uma delas, montamos junto com o dr. Fernando um guia com todas as informações necessárias e como se prevenir. Confira:

Hepatite A

Transmissão: A transmissão ocorre principalmente através de alimentos e água contaminados, além da possibilidade entre pessoas, seja por relação sexual (boca-ânus) ou por contato próximo de pessoas em locais com higiene e saneamento insuficientes.

Sintomas comuns: Fadiga, mal-estar, febre e dores musculares são alguns dos sintomas iniciais. Eles podem ser seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia.

Tratamento:  A hepatite A é autolimitada (resolve espontaneamente) em poucas semanas. O tratamento consiste em medicações para o alívio de sintomas, como analgésicos, antitérmicos e medicação para enjoo. Em poucos casos, a pessoa precisa de internação hospitalar para hidratação ou alívio dos sintomas. Dificilmente a hepatite A evolui para formas graves, como insuficiência hepática e necessidade de transplante de fígado.

Como prevenir: A vacina segura e eficaz para hepatite A faz parte do calendário do Ministério da Saúde para crianças. Adultos não vacinados também devem buscar a vacinação, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Para evitar a contaminação é preciso manter os cuidados básicos de higiene pessoal e com os alimentos - que devem ser higienizados com água tratada ou fervida. Além disso, seguir recomendações quanto à proibição de banhos em locais com água imprópria.

Hepatite B

Transmissão: O vírus da hepatite B é transmitido principalmente por relações sexuais sem preservativos, e a mãe infectada passar para o filho, durante a gestação, o parto e a amamentação. O contágio também pode ocorrer pelo compartilhamento de material para uso de drogas e higiene pessoal (alicates de unha, escovas de dente, lâminas de barbear/depilar), ao fazer uma tatuagem, em procedimentos odontológicos ou cirúrgicos que não atendem às normas de biossegurança e por transfusão de sangue (hoje praticamente nula, devido aos métodos rigorosos de controle nos bancos de sangue).

Sintomas comuns: A maioria dos infectados não apresenta sintomas, inclusive, é comum o diagnóstico ser feito décadas após a infecção. Porém, é possível saber se está infectado através de exame de sangue. Quando presentes, os sinais são equivalentes às demais doenças crônicas do fígado: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre e dor abdominal. 

Tratamento: Na fase aguda, podem ser utilizadas medicações para alívio dos sintomas de náusea e mal-estar. Após seis meses é possível identificar os indivíduos que  apresentam evolução para hepatite crônica, o que ocorre em 1 a 5% dos adultos, 50% das crianças e 90% dos recém nascidos. Portadores de doença crônica devem ser avaliados por um especialista para definir a necessidade de uso de medicação. Ainda que não há cura, mas existem medicações de uso oral, com ótima tolerância e segurança, que conseguem inibir a multiplicação do vírus e controlar a evolução da doença.

Como prevenir: A vacina está disponível para adultos e crianças através do Sistema Único de Saúde (SUS). Gestantes portadoras de hepatite B devem ser tratadas com medicação, assim como os recém nascidos, a fim de prevenir o contágio. 

O uso de preservativo em todas as relações sexuais, o não compartilhamento de seringas ou agulhas, e de objetos de higiene pessoal também são formas de prevenção. 

Hepatite C

Transmissão: Atualmente a injeção compartilhada de drogas e a exposição a sangue ou materiais contaminados com sangue ou secreções corporais são as principais formas de contaminação com a hepatite C. Até o início da década de 1990, as transfusões de sangue sem testagem adequada eram  responsáveis pela maioria das contaminações. Apesar das formas conhecidas de transmissão, 20 a 30% dos casos ocorrem sem que se possa identificar a causa de contaminação.

A transmissão sexual da hepatite C é rara. Relações anais ou com microtraumatismo genital podem ter risco maior. Menos de 5% dos casos são de transmissão da mãe para o feto. 

Sintomas comuns: Assim como a hepatite B, a maioria das pessoas não apresenta sintomas, por isso, é importante manter a rotina de exames de sangue em dia, que podem apontar a presença do vírus. Em alguns casos, ela se manifesta de forma aguda, apresentando sinais como mal-estar, náuseas, vômitos, dor muscular, cansaço excessivo, perda de peso e icterícia (pele amarelada).

Tratamento: O tratamento se dá através do uso de medicações por via oral, usadas por menos de 3 meses, que alcançam a eliminação do vírus e, portanto, a cura da infecção em mais de 95% dos pacientes.

Como prevenir: Não existe vacina para hepatite C, portanto os cuidados são fundamentais. A prevenção da hepatite C é feita pelo rigoroso controle de qualidade dos bancos de sangue, o que já ocorre no Brasil e torna extremamente baixo o risco de adquirir a doença em transfusões. Seringas e agulhas para injeção de drogas não podem ser compartilhadas. Objetos de higiene pessoal que possam conter gotículas de sangue, tais como alicates de unha, lâminas de barbear/depilar e escovas de dentes, não devem ser compartilhados, ou é preciso se certificar da correta esterilização destes materiais.

Hepatite D

A infecção pelo vírus da hepatite D (também conhecida como delta) está associada com a presença do vírus da hepatite B. Ela se manifesta de duas formas: coinfecção simultânea com a B e superinfecção pela D em um indivíduo que tenha infecção crônica pela hepatite B.

Os sintomas e tratamento são os mesmos da hepatite B. Por isso, a melhor forma de prevenção é a vacinação para hepatite B.

Hepatite E

A hepatite E é rara no Brasil. Ela é transmitida da mesma forma que a hepatite A, também assintomática na maioria dos casos ou apresentando sinais como fadiga, mal-estar, febre e dores musculares.

Assim como as outras, ela também pode ser identificada através de exame de sangue. A hepatite E é autolimitada, ou seja, solucionada pelo próprio organismo. Para o tratamento, é necessário apenas repouso, boa alimentação e hidratação.


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