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Dia Mundial do Câncer de Ovário: o que você precisa saber sobre a doença

Doença é de diagnóstico difícil e geralmente é identificada em estágios mais avançados

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O câncer de ovário é um tumor com diagnóstico difícil. Ele raramente é encontrado nos estágios iniciais devido aos seus sintomas, que só aparecem quando a doença já está relativamente avançada e estão ligados ao trato intestinal, e ao fato de ser em um órgão pequeno que fica localizado numa região de acesso limitado.

A doença geralmente atinge mulheres acima de 40 anos, mas fatores genéticos, que são raros, também influenciam. O 8 de maio marca o Dia Mundial do Câncer de Ovário e traz um alerta sobre o tratamento e prevenção da doença.

Segundo a médica oncologista do Hospital Moinhos de Vento, Alessandra Morelle, os sintomas geralmente aparecem quando a doença já está mais avançada e estão relacionados a questões gastrointestinais como: alteração do hábito intestinal, inchaço do abdômen e má digestão. “No início são sintomas bem inespecíficos e, conforme a doença evolui, pode ter aumento do volume abdominal”, explica.

Isso faz com que as mulheres iniciem a investigação com o gastroenterologista, o que acaba atrasando ainda mais o diagnóstico. “Exames de colonoscopia e endoscopia são feitos antes dos exames de imagem, como a tomografia, que é como a lesão é notada na maioria dos casos”, aponta a médica. 

O que acontece é que os ovários são muito pequenos e ficam soltos dentro da cavidade abdominal. Quando aparece um nódulo é preciso que esteja muito grande para que se tenha manifestações clínicas. “Esse é um grande problema que temos ainda hoje, relacionado à tentativa de identificar precocemente a doença”, comenta Alessandra.

Diagnóstico precoce

Assim como todos os tipos de tumores, quanto mais cedo identificado maiores são as chances de cura, porém esse é um dos maiores desafios da doença. “Diferente de outras neoplasias, não existe um exame preventivo que faça diagnóstico precoce com clareza”, esclarece a médica.

Uma maneira de prevenção é prestar atenção no histórico de câncer de mama e de ovário nas mulheres da família, ou até em homens que tenham câncer de intestino, o que pode indicar um risco potencial de síndrome familiar de câncer. “Mulheres com esse risco podem realizar exames e, eventualmente, uma avaliação genética com seu médico pessoal para identificar e, se for o caso, realizar uma cirurgia de prevenção de remoção dos ovários a partir dos 40 anos”, informa Alessandra.

Porém, esse tipo de tumor raramente está ligado a questões genéticas. “Só 10% das mulheres que têm câncer de ovário têm mutação genética, que seriam os casos de indicação de uma cirurgia preventiva a partir dos 40 anos”, revela.

A médica ainda disse que, apesar de não ter relação com os exames de avaliação dos ovários, o exame ginecológico e o preventivo de câncer de colo de útero (citopatológico) podem ajudar no diagnóstico. “Através do exame de toque o ginecologista pode identificar alguma massa no ovário e investigar, podendo identificar a lesão”, explica.

Os raros diagnósticos na fase inicial (estágios I e II) são achados se a paciente faz uma ecografia transvaginal e aparece um cisto suspeito. Se vai adiante na investigação de cistos complexos, ou seja, que não são apenas líquidos, têm também conteúdo sólido.

Nesses casos, eventualmente, o reconhecimento precoce é possível, aumentando significativamente a possibilidade de cura. Os diagnósticos em estágio III (ou mais), os mais comuns, também podem ser curados, mas diminuem de forma considerável as chances.

Tratamento 

Para os diagnósticos em estágio I apenas a cirurgia é necessária, seguida do acompanhamento médico posterior. A partir do estágio II, além da cirurgia, é necessário o tratamento quimioterápico complementar.

A cirurgia, principal e mais efetivo tratamento, precisa ser feita por uma equipe especializada, o ginecologista generalista não deve fazer o procedimento. “É essencial que um cirurgião oncologista treinado realize a operação por ser uma extensa e precisar da remoção não apenas dos ovários, mas de outros tecidos intra abdominais, além de uma revisão ampla da cavidade abdominal e peritônio devido a possíveis linfonodos”, aponta Alessandra

A quimioterapia é feita após a cirurgia. Alessandra explica que ainda que hoje já existem medicações que também têm prolongado o tempo de vida sem a doença em pacientes que têm algumas alterações moleculares no tumor ou mutações genéticas.

Consequências para a fertilidade

Em geral, o câncer de ovário é diagnosticado em mulheres com mais de 40 anos, numa fase em que a fertilidade da mulher é natural e significativamente reduzida. Porém, segundo a oncologista, existe sim a possibilidade de se manter fértil após o tratamento.

“Essa é uma indicação extremamente individualizada: se ela está na pré-menopausa e ainda tem capacidade de gestar, se tem muito desejo de ter filhos, se for um diagnóstico inicial do estágio clínico I”, explica ela reforçando que trata-se de casos individuais, não a regra.


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