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Toda gravidez após os 40 anos é de risco?

Número de partos de mulheres com idade entre 40 e 44 anos vem crescendo e exige cuidados redobrados

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Com o passar dos anos, muitas mulheres têm adiado o desejo de serem mães. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), a quantidade de gestantes com 35 anos teve um aumento de 63,3% no país. Entre 40 a 44 anos, o número de partos subiu em 57%. Porém, especialistas alertam que a gravidez após 40 anos pode trazer alguns riscos, tanto para a mãe quanto para o bebê. 

Conforme explica a especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro, em geral, a gestação após os 40 anos é de risco, pois essa idade predispõe alguns problemas de saúde, como hipertensão, sobrepeso, obesidade, alterações de tireoide e diabetes. “A gravidez tardia também aumenta chances de complicações como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, prematuridade e malformações genéticas”, alerta a profissional.

O ideal, segundo Cláudia, é que a mulher busque engravidar de forma natural no auge de sua idade fértil. Isso porque, depois dos 35 anos, a qualidade dos óvulos cai e a possibilidade de se ter um filho com problemas genéticos é maior. 

Quais as alternativas?

Se engravidar após essa faixa etária for um desejo, existem opções para aumentar as chances de uma gestação saudável. Uma delas é a escolha pelo congelamento de gametas. “A preservação da fertilidade é uma das possibilidades que contribui muito para melhores chances de gravidez em idade avançada”, diz a médica. Entretanto, não diminui as complicações maternas da gestação tardia.  

“Se a mulher está se aproximando dos 30 ou 35 anos e não pretende engravidar tão cedo, ela pode aproveitar enquanto seus óvulos estão saudáveis e congelá-los. Depois, ela usa no momento adequado, por meio de fertilização in vitro”, sugere Cláudia. “A coleta deve ser feita até os 35 anos e o limite máximo para transferir o embrião deve ser 50, seguindo recomendação do Conselho Federal de Medicina”, pondera.

Já quando a mulher não tem óvulos congelados para utilizar, há a opção de realizar o diagnóstico genético do embrião. Após a fertilização in vitro com seu próprio material genético, é feita uma biópsia embrionária e um exame de células. Esse exame permite um mapeamento cromossômico, que vai analisar a saúde dos embriões.

“Ele identifica os embriões com alterações cromossômicas e, assim, apenas aqueles sem essas alterações são selecionados para serem transferidos para o útero da mãe”, explica Cláudia.

Barriga solidária também é alternativa

Em casos de mulheres que, por algum motivo, não podem gerar o filho no próprio ventre, há a possibilidade de optar pela barriga solidária. Ou seja, outra mulher, de grau de parentesco próximo, empresta seu próprio útero para receber o embrião fertilizado In Vitro no laboratório. Essa é uma alternativa para diversos casos relacionados à idade, como:

- Mulheres que congelaram seus próprios óvulos mas, depois de alguns anos, por algum motivo específico, não podem gerar no próprio útero;

- Mulheres que têm óvulos saudáveis mas, por problemas de saúde adquiridos com o tempo, podem ter uma gestação complicada, que ofereça risco de morte para mãe e bebê;

- Mulheres que não têm óvulos saudáveis nem podem gerar a criança. Nesse caso, os óvulos são recebidos por doação.

A especialista reforça ainda a importância de individualizar o tratamento. “Existem mulheres que não terão qualquer problema na gestação após os 40 anos, enquanto outras precisarão de muitos cuidados”, compara Cláudia. “De toda forma, caso a mulher nessa faixa etária deseje engravidar, é muito importante o acompanhamento com médico especialista”, alerta.


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