Congelamento de óvulos é alternativa para as mulheres

A evolução da medicina reprodutiva permite que as pessoas preservem sua fertilidade através do congelamento de gametas — óvulos e espermatozóides – e embriões, ou de tecido ovariano e testicular. E esse recurso tem mobilizado cada vez mais pessoas na direção de realizar o sonho da maternidade. As influenciadoras Gabriela Pugliesi e Kim Kardashian e as cantoras Paula Fernandes e Ivete Sangalo são alguns exemplos de figuras públicas que passaram pelo procedimento. 

Essa decisão pode ser tomada diante de qualquer situação que possa comprometer a função dos ovários ou dos testículos. “Nas mulheres, os fatores mais relevantes para a busca do congelamento de óvulos são o adiamento da maternidade, a necessidade de tratamento para câncer e o risco de perda de função ovariana”, explica a ginecologista Mariangela Badalotti, sócia-diretora do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva.

Já nos homens, a causa mais frequente é o câncer. “Alguns indivíduos optam pelo congelamento de espermatozóides antes de vasectomia ou diante de baixa produção de espermatozóides por problema testicular, que pode se agravar”, completa a médica. A técnica de congelamento empregada atualmente denomina-se vitrificação. 

A taxa de gestação varia de acordo com a idade da mulher quando o congelamento de óvulos foi realizado. “Maiores índices de sucesso são obtidos se o congelamento for feito antes dos 35 anos de idade”, afirma Mariangela.

Como funciona o procedimento 

É necessário que se estimule o ovário, com o intuito de promover o crescimento de vários folículos, que são os “saquinhos” que contém os óvulos. A estimulação é feita com medicação hormonal (com hormônios iguais aos que são habitualmente liberados durante o ciclo), injetável, de uso diário, por um período médio de 10 a 12 dias. “Durante o uso da medicação se acompanha o crescimento dos folículos através de ecografia, até o momento da aspiração dos mesmos. A aspiração dos folículos é feita através de ecografia transvaginal, com sedação, e uma a duas horas após o procedimento a paciente pode deixar a clínica”, explica Mariangela.

Os óvulos aspirados são avaliados e aqueles com maturidade adequada são congelados, por uma técnica chamada vitrificação. Após, ficam armazenados em nitrogênio líquido até o momento da fertilização.

Conforme explica a médica, não existe limite de tempo para o congelamento de óvulos. “Não ocorrem danos genéticos aos óvulos associados ao tempo de realização do procedimento”, informa.

Ao fazer o congelamento, a mulher também pode se tornar doadora. “É possível participar do Programa de Doação Compartilhada de Óvulos”, acrescenta. 

Fatores decisivos para o congelamento de óvulos

Quando pensar em congelar óvulos para preservar a fertilidade? Mariangela elencou os 4 principais fatores para a tomada de decisão:

1. Adiamento da gravidez 

O ritmo de vida dos casais modernos tem levado muitas mulheres a postergar a gravidez. Para preservar a fertilidade – que começa a diminuir bruscamente a partir dos 35 anos – uma das alternativas é o congelamento de óvulos.

2. Em casos de risco de perda de função ovariana

Várias situações colocam a mulher em risco de parar de produzir óvulos antes da idade habitual. Algumas delas são: baixa reserva ovariana, história familiar de menopausa precoce, tratamento quimioterápico prévio, cirurgias repetidas sobre o ovário

3. Antes de tratamento para câncer

Os tratamentos empregados para o câncer, principalmente quimioterapia e radioterapia pélvica, promovem a destruição dos óvulos e os ovários não têm a capacidade de criar novos (óvulos), por isso a importância do congelamento prévio. Mesmo que o ovário não perca a função imediatamente, isso ocorrerá em idade mais precoce do que nas mulheres em geral.

4. Antes de tratamento hormonal para transição de gênero

O uso de androgênio nestas situações pode levar à perda de função do ovário. A discussão da preservação da fertilidade deve ser feita antes do início deste tratamento.